segunda-feira, 16 de abril de 2007

Eternamente

Não reparem o tom extremamente psicodélico e surrealista do pequeno texto abaixo.

Eternamente

A melancolia adentra o espaço em branco de minha mente.Leves doses de dor adentram minha pele e sinto minhas camadas epiteliais moverem-se em uma dança vertiginosa.Penso eu,estar vendo o delírio dominando-me e em uma espécie de náusea delirante e carregando-me ao infinito.Sim,o infinito.O tão esperado infinito.O Undiscovered country de Hamlet ou para muitos simplesmente,morte.Esqueço-me da morte pois a vertigem possui-me por completo agora.Sou seu objeto,todo seu.Pronto para entregar-me à falta da lucidez.Tento descer escadas que eu nunca havia visto,tropeço e rolo até chegar à uma porta.A porta possuía tons que se perdiam entre o azul e o preto.As cores se moviam e a maçaneta também.De repente,dum salto ilógico e inimaginável,pulo em direção a maçaneta,giro-a e adentro uma sala.A sala possuía a dimensão de um parque,de um bosque ou talvez de um jardim.Possuía um lago de cor verde-oliva e uma árvore azul e negra,em réplica da porta.Avisto ao fundo da sala ou bosque,um túnel e corro em sua direção.Corro,corro,corro mais rápido que a aceleração que um corpo humano comum pode ter e devido ao exagero e excesso dessa velocidade,boa parte de minha pele perde-se na atmosfera,mas eu adentro o túnel e dentro dele tudo parece negro.Já não vejo mais a sala-bosque ou qualquer outra coisa.E então,naquele escuro perturbador,deito-me no chão e simplesmente adormeço.Desde então nunca mais acordei,ou pelo menos não da forma comum.Estou perdido em algum lugar de alguma constelação de alguma galáxia de algum sistema.Estou perdido,esperando encontrar-me.Eternamente...

Um comentário:

Érika Martins disse...

OI Felipe!
Nossa... Não sabia que vc gostava de escrever e que o fazia tão bem... E o mais incrível: as suas indagações e questionamentos filosóficos lembram muito o que eu escrevia (mas pretendo voltar a escrever) no meu blog. Esse texto em particular me propiciou uma visualização bem concreta da narrativa. E isso é difícil... Fazer com que as pessoas visualisem as suas palavras. E deu pra sentir a angústia do narrador e a sua entrega aos sentidos e aos instintos de saciar a sua dor que não adormece com o seu corpo, mas que se prolonga na eternidade. Isso foi o que eu entendi.

Adorei Felipe! A gente pode trocar algumas figurinhas literárias (apesar de eu ter certeza de que a sua bagagem cultural deva ser mais vasta do que a minha).

Um grande Beijo,
tia Érika