sábado, 31 de janeiro de 2009

Marginalidade

Qual é a fronteira entre a normalidade e a marginalidade na literatura?Rubem Fonseca é um autor "marginal"?Nelson Rodrigues é "marginal"?Porque Bukowski é marginal e,de acordo com o tradutor de Misto-Quente(uma das obras mais famosas do Bulk)da editora L&PM Pocket,muitas vezes é desrespeitado pela crítica especializada,que caracteriza o autor como algo vulgar,que pessoas sem muito conhecimento literário gostam.Pode até ser(e eu nada posso falar até ler algo completo dele,nem que seja um conto)mas pelo que eu li no início de Misto-Quente,há uma enorme sensibilidade naquele autor.Não importa se o livro é ou não autobiográfico,porque pra escrever aqueles relatos tem de haver sensibilidade naquele autor.Quando se torna marginal?Quando se coloca "Porra" em um de seus textos?Quando você fala "boceta" em vez de "vagina"?É essa a questão?Cadê a liberdade literária?Mesmo no mundo da literatura,as coisas são limitadas.Tudo tem limites e isso é um problema.Talvez só no cinema haja liberdade o bastante.Há nudez,há palavrão,há cenas agressivas de sexo,vocabulário chulo e,nem por isso,o diretor do filme é marginalizado(vide Baixio das Bestas,premiadíssimo aqui no Brasil).
Logo que comecei a ler um texto do Bukowski,gostei.Só que é o tipo de literatura que me joga contra uma realidade que não é agradável,não pra mim.Fala de um tipo de marginalidade social,que quase faz parte da minha realidade,então é difícil confrontar isso por ser algo tão próximo.Há momentos em que gosto de encarar de frente algumas das minhas restrições mas acho que agora é momento de ler coisas mais leves,mais bonitas.Ler Clarice,Kafka,Tolstoi,que são autores de uma profundidade imensa e não agridem.Eu não me importo em ter choques com a marginalidade social em filmes,por exemplo:Linha de Passe.Eu vi o filme anteontem e adorei.É verdade há maneiras diferentes de se mostrar isso em um filme e o Linha de Passe não te obriga a ter pena de ninguém,como alguns filmes de cunho mais comercial fazem mas não é só isso.A literatura atinge minha mente de uma maneira diferente.Parece ter uma influência mais longínqua na minha mente.Então se a experiência for agradabilíssima(como foi com o Alberto Caeiro),ótimo,vai me dar muito prazer.Mas quando é o contrário que acontece,a sensação de mal-estar é enorme.Eu lembro o vazio que eu sentia depois de ler um livro de Harry Potter.Durante o livro eu adorava algumas partes e,na Ordem da Fênix,eu li o livro desesperadamente de tanto que eu estava gostando mas sempre me sentia mal no final.Mesmo quando eu era bem novo.

2 comentários:

Karina Mills disse...

Nunca li Bukowski por crer que não seria uma literatura do meu agrado pois gosto de coisas leves e profundas para ler. Mas um dia eu devo ler, quando estiver mais preparada, porque talvez eu até goste justamente por ele de certa forma fugir de certas convenções da literatura. Tem muita coisa que estou adiando pra ler por não estar preparada. Ah, eu estou lendo Caeiro, e estou gostando muito :D. Aliás, tudo que eu tenho lido de Fernando Pessoa tem me agradado bastante.

Táxi Pluvioso disse...

O ser e o tempo (madrasto).

Uma pausa para fumar.