quarta-feira, 20 de maio de 2009

A dança

Era uma dança,eu imagino.Se não o fora,algo próximo devia ser.Era um bailado estranho e as faces sinistras faziam-me palpitar.Palpitar de quê?De medo,de susto.Dançar de máscara pode ser muito divertido dependendo do lugar.Mas aqui não era o caso.As assustadoras máscaras de Helloween e a música gótica tocando ao fundo só fazia com que eu me entregasse a uma dança muito mais complexa e bizarra internamente.A dança da solidão.Todo aquele ritmo vago,todas aquelas sinfonias da tristeza,deixavam-me mais confuso.E naquele ambiente,do qual eu já não fazia mais parte mas forçava a barra pela necessidade de me incluir em algum grupo,avistei uma menina.Era bonita,sim.Observando a beleza dela e me atendo aos detalhes de sua carregada maquiagem negra esqueci o medo e ignorei as trevas emergentes das caixas de som.Lembro-me que após muito admirar,fiz meu caminho até ela.E levei o melhor "não" da minha vida.Foi mais ou menos assim:
_Oi!E aí?Gostando da festa?
_Sim.
_E você tá sozinha?
_Sim,mas não para você.
E acho que senti-me humilhado pelo desprezo demonstrado.Fosse racismo(pois vários góticos só amam branquelos/branquelas),fosse simples mau-humor,eu não sei por que,mas adorei aquilo.Acho engraçado ser enxotado,esmagado,tornou-se comum para mim.Agora acho graça disso.Eu comecei a rir e ela virou as costas e continuou seu bailado esquisito.Acho que,na verdade,adorei aquilo porque pude ficar próximo a ela e sentir seus cheiros,observar suas minúcias de perto,nem que fosse por um minuto.Acho que foi isso.
Às vezes meus sonhos são agridoces.



Texto falho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amor, de fato, não enxerga aparência...

Só que ele não acontece em efêmeros segundos.