sexta-feira, 1 de maio de 2009

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Hoje eu me afoguei em mim mesmo.Imergi sem medo no profundo do que sou.E arrependi-me plenamente.Vi quanta falta e quanto falta pra eu ser feliz.Vi um espelho negro que nada mostra.Mostra vaidade,orgulho,inveja e pessimismo.Foi só isso que restou da criança sorridente.Dessa época nada sobrou.As festas na casa da minha bisavó morreram junto com ela.Meu avô morreu junto com seus cigarros.Minha avó entrou em depressão e agora já não é aquela que eu admirava tanto.Minha mãe continua ignorante e sendo um empecilho.Acho que finalmente posso dizer que faço parte dessa família.Faço parte dos meus antepassados suicidas,sou herdeiro de meu tataravô que tacou fogo em si mesmo.Essa melancolia de preto pobre eternamente emergente.Eu sou um ótimo objeto de estudo para a Sociologia,eu imagino.Minha professora diz:"Filhos de ricos e filhos de pobres podem chegar ao topo.Todos têm essa chance,o que difere é o caminho para chegar até lá,os obstáculos enfrentados por um e por outro".E não que eu vá chegar ao topo mas o meu caminho tem sido bem tortuoso.Se existe esse ser fodão que todo mundo acredita,onipotente,onisciente e onipresente,ele sabe que eu tenho dado o melhor de mim,que é muito pouco por sinal.Meus textos viraram reflexos dos frangalhos em que transformei minha vida.Viraram reflexo das decepções e mágoas acumuladas.Se meu blog fosse um caderno e espremessem esse caderno,só sairiam lágrimas.E essas formariam um rio negro.Negro pelas desilusões e pela antipatia com a qual a vida me sorri.Nestes dias tenho me reconhecido falho,inseguro,vazio e ignorante e por quê?Eu batalhei tanto pra chegar nisso?É só isso?Até onde eu vou conseguir chegar com tantas falhas?Eu preciso de tratamento e não tenho forças para buscar por elas.As pessoas nascem e vão crescendo,amadurecendo,namoram na adolescência,saem,se divertem e o que eu tenho feito?Nada disso.Eu me tornei algo à parte.Um ser à parte.Eu gostaria de dizer que,daqui pra frente,vou mudar,tentar ser melhor,mas não consigo.Sou fraco demais.Eu nem sei como consigui conquistar algumas coisas na minha vida.O suor de todas as batalhas passadas já secaram em minha testa e não há sequer uma fagulha de vitória.Só em enxergo escuridão.Escuridão no violão que eu não sei tocar,escuridão na luz do meu quarto que apaga sozinha,escuridão na minha internet instável,escuridão no meu potencial que é enorme e eu não consigo usá-lo ao máximo.Não tenho conseguido pelo menos.A lei de que o mais forte sobrevive funciona muito bem no dia-a-dia e eu sou o fraco.Eu não consigo me adaptar às mudanças,não vejo graça na minha nova rotina,não fico satisfeito se meu colégio é um dos 100 melhores do país,de acordo com o ENEM.Acho tudo raso,pouco e escasso.Sinto sede de vida,de vitória.Aliás,nem isso tem dado tempo de sentir ultimamente.Só sinto sono,tristeza,alegria temporária por poder ouvir Beatles e medo do meu futuro.Muito medo.E é um futuro bem próximo.Eu vejo o meu futuro imitar meu passado.Exatamente o passado que eu tanto queria escquecer.Meu passado miserável,tosco,escroto,fútil.Eu não choro enquanto escrevo palavras tão negativas em relação a mim mesmo,pois minha mente está tão ofuscada e minha visão-do-mundo tão turva que nem minha miséria me agride mais.Já se tornou normal pra mim ser assim.Triste,sozinho e,com o tempo,infantil,fútil,banal,vulgar.Tudo na minha vida parece girar em torno disso no fundo.No fundo,eu não tenho a segurança que aparento ter.No fundo,eu não sou alegre como pareço ser.No fundo,eu não estou nem um pouco satisfeito com as coisas e não sei mudá-las.Flar sobre tudo isso é besteira e eu já o fiz anteriormente,mas não me canso de falar de tudo isso que me faz tão mal.Porque,literalmente,dói respirar o ar que eu respiro(literalmente,devido à sinusite mal-curada).Eu estou ficando mais velho e continuo sendo o mesmo.Corro,corro,corro e quando percebo estou no mesmo lugar.O Eterno Retorno?Nietzsche?Não,é algo menos profundo e mais vulgar que qualquer tese filosófica,é só a intransponibilidade das minhas barreiras psicológicas.Agora chega.Ficar relatando as próprias lástimas indefinidamente só me faz perder mais tempo.Só fica mais tarde e eu só durmo menos,o que é péssimo.Chega por agora.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu sei que não importa oque os outros digam só você sabe o que sente e em qual intensidade sente. Mas, sei lá, eu preciso acreditar que as coisas vão dar certo, eu preciso acreditar que eu não tenho que ter medo das escolhas que eu estou prestes a fazer, por mais que essa ideia me amedronte mais e mais. E ,principalmente,eu preciso acreditar que um dia vou me ver como uma adolescente normal exatamente nos moldes em que você descreve ou vou chegar a conclusão de que, de fato, normalidade sucks.

É isso ou ser a antepassado suicida de alguém.

M. A. disse...

No fundo somos todos miseráveis, amigo.