segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

cinzas do passado

eu escrevia para me reconhecer
agora eu tento escrever
para tentar me lembrar
de como eu era quando me reconhecia
ao menos em meus textos.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

silêncio

o futuro se mede aqui e a dor do presente reflete a fraqueza do passado. as pernas são curtas pros passos longos demais, longos demais. fácil matar um leão por dia, difícil é fazer revoluções por minuto, mas eu tento. ah, e os hematomas? quantas topadas, socos e pontapés na pia, na parede, na geladeira, enquanto eu, distraído, concordava com Proudhon, ficava puto com Malatesta e queria enforcar Coulomb. caminhar no sentido que eu ando é sempre voltar pro ponto de partida e o ponto de partida é sempre o mesmo e nunca é igual a antes. eu queria praia, pra poder resgatar na força da ressaca, o tesão que morre, às vezes, em mim. não faz sentido algum remar contra a maré, quando a maré que quer te levar parece a correta. o que é o certo e o errado? quem sou eu? e desde quando eu sou eu? eu não sei, não sei de nada. larga e longa estrada sinuosa que leva pro cu do mundo que é o nada, fim de tudo.
acho que são palavras soltas, mas as palavras soltas fazem sentido pra mim. e isso basta, por ora.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

birra

surtei quando vi a imensidão
e a cor da água daquela praia
materializaram a felicidade
e esqueceram de me contar.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

arpoador (ou ipanema)

Eu vou assim
de mansinho
pelos cantos
já que eu
descobri:
não adianta
nadar
de peito aberto
contra a maré alta
a ressaca te leva
e quando
menos percebe
já se está
no piloto automático
no meio do oceano
atlântico.