segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

vamo lá

eu quero o frescor de volta, caralho
acabou? é assim?
cadê o que é novo e bom e emocionante?
volta, vem, fica, me faz pirar, porra!
cadê, hein? até o que seria doce pra caralho
consegue ser, no máximo, um azedinho sutil.
será que dá? me atirar de novo? tem que ter peito!
tem que ser coragem, tem que ser
força, vai! força!

eu vou, por quê não?

o importante mesmo
é reescrever as coisas.

viver numa tentativa de resgate
do que já foi bom
é um crime,
vingança contra si mesmo,
auto-sabotagem,
auto-flagelo.

o importante é estar aqui
presente, aqui, sempre aqui
a vida não acontece em outro lugar
porém aqui.

criar planos, colocar em prática
se aprofundar em relacionamentos,
mergulhar na vida sem o medo de errar,
se jogar, simplesmente.

"quanto maior o sonho, maior a queda"
mas quanto menor o sonho, maior o tédio,
menor eu, menor você
ser é saber estar e fazer aqui,
sem medo de ser triste ou,
provavelmente,
feliz.

pra recomeçar

não sei se sou homem o bastante
não sei se sou gente o bastante
não sei se sou.

não sei como soa isso tudo
pra quem tá de fora
se faz sentido
se tanto faz
se tanto fez.

não sei de nada
o que sei é que
não sei
não sei
não sei.

terça-feira, 26 de julho de 2011

clichê

nada virá tão fácil
e não
não adianta ficar aqui
a esperar
que o vento traga
o que os meus braços cansados
já não se esforçam
pra alcançar.

terça-feira, 5 de julho de 2011

não tem nome

por que tanta angústia?
por que tanta dúvida?
será que tudo isso
me conduz a alguma resposta?

por enquanto vou sofrendo
sentindo questionando
vendo no que dá
enquanto tudo
não dá em nada.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

All I Need

a verdade
é que nada mais importa
o que vale mesmo
é estar aqui
sempre aqui
presente em mim
bem comigo mesmo
e em paz com as minhas necessidades
como homem
e como deus,
do meu próprio mundo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

em cima (do muro)

a dúvida é o pior lugar
pra se estar
que o medo de arriscar
mata a vida que corre
de pouco em pouco
nas minhas veias

eu quero ir sem medo
e sem olhar pra trás.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

triângulo

não sei como cheguei aqui
me deixei levar pelo que me é natural
é que eu gosto tanto de você
que prefiro me humilhar

não sei muito bem
às vezes quando minha lingua
se entrelaça à sua
lembro que não sou o único
(nem muito menos o principal)

será que quando você está com ele
você pensa um pouco em mim?

às vezes quando estou com você
penso nele
e até já me disseram
que eu pareço muito com ele

acho péssimo ser o 3º nessa relação
o que reflete minha total
falta de respeito para comigo mesmo

e saber da minha falta de amor próprio
faz com que eu me odeie ainda mais

e é assim que, enfim,
volto pro teu abraço
e seguro teus seios em minhas mãos
como se a tarde (às vezes, o dia)
não tivesse fim.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amar de longe

é fácil dizer
eu te amo
todos os dias
pelo telefone
a quilômetros de distância
quando se tem em mente
a perfeição idealizada
da pessoa amada.

difícil é conviver
com a realidade nua e crua
dos erros e acertos cotidianos
da pessoa
que se tenta amar.

domingo, 3 de abril de 2011

testando

e já não me afeta
o fato de que não tenho
afeto daqueles
a quem tanto doo
o meu afeto.

me afeta, sim
saber que sem afeto
posso morrer
posso secar
tristeza mata
e muita gente já descobriu
só não voltou pra contar.

terça-feira, 29 de março de 2011

The Tourist

corre corre corre
em direção a quê?
calma, para e pensa
tá tão cego que já não vê
o óbvio deita aqui
bem ao lado
enquanto você
dispara em velocidade
supersônica
para o lado errado

segunda-feira, 14 de março de 2011

morrer

quero morrer.
não precisa ser tranquilo
ou indolor
só quero morrer.
pode ser de morte morrida
ou de morte matada
só quero morrer.
vai ser bom pra mim
vai ser bom
para os que vão ficar
sem mim
atrapalhando
por aí.
acho que não faço falta
e se um dia
quem sabe
eu fizer falta pra alguém
espero que se lembrem:
a vida continua
não é mesmo?

domingo, 6 de março de 2011

pensei em morte

a tristeza
é um zepelin gigante
alto, inatingível
tapando toda a luz
que vem do sol.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

cinzas do passado

eu escrevia para me reconhecer
agora eu tento escrever
para tentar me lembrar
de como eu era quando me reconhecia
ao menos em meus textos.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

silêncio

o futuro se mede aqui e a dor do presente reflete a fraqueza do passado. as pernas são curtas pros passos longos demais, longos demais. fácil matar um leão por dia, difícil é fazer revoluções por minuto, mas eu tento. ah, e os hematomas? quantas topadas, socos e pontapés na pia, na parede, na geladeira, enquanto eu, distraído, concordava com Proudhon, ficava puto com Malatesta e queria enforcar Coulomb. caminhar no sentido que eu ando é sempre voltar pro ponto de partida e o ponto de partida é sempre o mesmo e nunca é igual a antes. eu queria praia, pra poder resgatar na força da ressaca, o tesão que morre, às vezes, em mim. não faz sentido algum remar contra a maré, quando a maré que quer te levar parece a correta. o que é o certo e o errado? quem sou eu? e desde quando eu sou eu? eu não sei, não sei de nada. larga e longa estrada sinuosa que leva pro cu do mundo que é o nada, fim de tudo.
acho que são palavras soltas, mas as palavras soltas fazem sentido pra mim. e isso basta, por ora.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

birra

surtei quando vi a imensidão
e a cor da água daquela praia
materializaram a felicidade
e esqueceram de me contar.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

arpoador (ou ipanema)

Eu vou assim
de mansinho
pelos cantos
já que eu
descobri:
não adianta
nadar
de peito aberto
contra a maré alta
a ressaca te leva
e quando
menos percebe
já se está
no piloto automático
no meio do oceano
atlântico.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Somewhere

no devido tempo
toda mudança
mesmo que pequena
é uma grande mudança.


(obrigado, Sofia Coppola)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Rapidinha

Saiu de casa como que para expulsar os demônios que ficam presos em sua mente, quando passa muito tempo sozinho. Às vezes, sair, e ouvir as pessoas certas falando sobre coisas aleatórias é a melhor terapia (dá pra resumir isso que eu disse em "amizade"). E, então, João foi pra esse lugar, um restaurante, na Av. Atlântica. Na verdade, era só pra passar uma tarde regada a cerveja e bom papo e era pra ser só isso mesmo, bastava. João foi pra lá encontrar com os amigos de sempre, pra falar sobre as mesmas coisas de sempre, no mesmo lugar que eles vêm frequentando desde a universidade. E ao se dar conta dessa linearidade tediosa, dessa repetição constante que é a sua vida, em vez de exorcizar seus problemas, absorveu mais alguns e aí ficou mais calado do que geralmente, riu só por rir, bebeu mais do que devia, chegou em casa na merda. Foi pra casa, bêbado, triste e sozinho no meio da semana. E aí, é claro, chorou. Chorou pra caralho, é sério. Perdeu a noção do tempo que tinha passado sofrendo ali e já tinha até esquecido o porquê de estar chorando daquele jeito e foi só aí que, enfim, ficou bem.