sábado, 31 de janeiro de 2009

Marginalidade

Qual é a fronteira entre a normalidade e a marginalidade na literatura?Rubem Fonseca é um autor "marginal"?Nelson Rodrigues é "marginal"?Porque Bukowski é marginal e,de acordo com o tradutor de Misto-Quente(uma das obras mais famosas do Bulk)da editora L&PM Pocket,muitas vezes é desrespeitado pela crítica especializada,que caracteriza o autor como algo vulgar,que pessoas sem muito conhecimento literário gostam.Pode até ser(e eu nada posso falar até ler algo completo dele,nem que seja um conto)mas pelo que eu li no início de Misto-Quente,há uma enorme sensibilidade naquele autor.Não importa se o livro é ou não autobiográfico,porque pra escrever aqueles relatos tem de haver sensibilidade naquele autor.Quando se torna marginal?Quando se coloca "Porra" em um de seus textos?Quando você fala "boceta" em vez de "vagina"?É essa a questão?Cadê a liberdade literária?Mesmo no mundo da literatura,as coisas são limitadas.Tudo tem limites e isso é um problema.Talvez só no cinema haja liberdade o bastante.Há nudez,há palavrão,há cenas agressivas de sexo,vocabulário chulo e,nem por isso,o diretor do filme é marginalizado(vide Baixio das Bestas,premiadíssimo aqui no Brasil).
Logo que comecei a ler um texto do Bukowski,gostei.Só que é o tipo de literatura que me joga contra uma realidade que não é agradável,não pra mim.Fala de um tipo de marginalidade social,que quase faz parte da minha realidade,então é difícil confrontar isso por ser algo tão próximo.Há momentos em que gosto de encarar de frente algumas das minhas restrições mas acho que agora é momento de ler coisas mais leves,mais bonitas.Ler Clarice,Kafka,Tolstoi,que são autores de uma profundidade imensa e não agridem.Eu não me importo em ter choques com a marginalidade social em filmes,por exemplo:Linha de Passe.Eu vi o filme anteontem e adorei.É verdade há maneiras diferentes de se mostrar isso em um filme e o Linha de Passe não te obriga a ter pena de ninguém,como alguns filmes de cunho mais comercial fazem mas não é só isso.A literatura atinge minha mente de uma maneira diferente.Parece ter uma influência mais longínqua na minha mente.Então se a experiência for agradabilíssima(como foi com o Alberto Caeiro),ótimo,vai me dar muito prazer.Mas quando é o contrário que acontece,a sensação de mal-estar é enorme.Eu lembro o vazio que eu sentia depois de ler um livro de Harry Potter.Durante o livro eu adorava algumas partes e,na Ordem da Fênix,eu li o livro desesperadamente de tanto que eu estava gostando mas sempre me sentia mal no final.Mesmo quando eu era bem novo.

domingo, 25 de janeiro de 2009

"De Onde Vem a Calma"

E aí?O que restou pra se falar?Não muito.As férias se aproximam do final e talvez tenha sido uma das piores férias da minha vida.Eu não ligo,momentos péssimos são frequentes.Ontem foi bom.Acordei pior do que sempre acordo mas pude ficar sozinho em casa.E isso é o melhor que me pode acontecer,já que a casa está "cheia".A casa está cheia,eu estou cheio.Eu já cansei de tudo isso.De vez em quando,eu fico pensando nas coisas legais que poderia estar fazendo com meus pais.Penso nos bons filmes que poderia estar assistindo,penso nos livros que poderia estar lendo,nas aulas de alemão on-line que eu poderia estar fazendo.Eu penso em mim,é isso que faço.Lembro de como era bom poder ser eu,ter privacidade.Bons tempos aqueles.A gente sempre tem algo do que reclamar e eu reclamo mais que todos.Mas realmente as coisas eram melhores no mês passado.Apesar do tédio e da inércia que estavam me tomando,tudo era melhor.Eu pensei em ir pra São Paulo nessa última semana de férias,mas estou desistindo.Não teria como fazer muita coisa por lá!Eu ainda vou decidir.Por falar em tomadas de decisão,eu não tenho feito isso.Só tenho recuado.Eu tenho que ficar na defensiva a todo o tempo,a hostilidade dessas pessoas que estão na minha casa é enorme.Ontem eu ouvi "De Onde Vem a Calma" do Los Hermanos e se encaixou perfeitamente na minha situação.Na verdade,sempre se encaixou,eu só não tive coragem de admitir.Eu me encaixo em algumas músicas deles.O que não é muito bom,mas nem ligo.Eu vou responder agora de onde vem a calma.A calma,obviamente,vem da hostilidade alheia.Ninguém,a não ser amigos,vão entender se você expressar suas opiniões e reclamar seus direitos."O mundo todo é hostil".É quase isso,o melhor é ficar na defensiva,porque as pessoas te agridem o tempo todo,se você não agir com essa calma,com essa aparente falta de sentimentos,com essa perfeição toda.
Eu estou ouvindo Jigsaw Falling Into Place agora e eu vou ver o Radiohead em março,junto com a volta do Los Hermanos e o show do Kraftwerk!Show do Kraftwerk deve ser muito louco.Mesmo.Eu não sei se eles ainda se vestem de robôs durante os shows mas seria legal se eles fizessem isso.O show do Radiohead parece ser daquelas coisas inexplicáveis.Tem uma mega-estrutura e,o melhor,uma mega-banda no palco.As músicas são fantásticas,os caras da banda parecem estar realmente envolvidos com as músicas que tocam e,não sei,é algo muito íntimo.E,por incrível que pareça,o show do Los Hermanos nem está me animando tanto.Eu amo a banda.Adoro três cds da banda(Bloco do Eu Sozinho,Ventura,4) do início ao fim,sem contar com o Luau Mtv e o Cine Íris.E vi alguns shows deles aqui em casa,na internet,no meu dvd(o da Fundição Progresso) e no show do dvd do Cine Íris.Mas eu não sei porque o show não me anima tanto.Talvez seja pelo público do Los Hermanos que me parece ser um verdadeiro saco.Acho que é por isso.E também show deles não me parece um grande acontecimento.Não sei se é também por serem uma banda nacional,não sei mesmo.Vou averiguar meus motivos um dia desses e posto aqui no blog se eu lembrar.É isso.Chega.Aproveitem a vida,pois pode não dar mais pra fazer isso depois.E esse momento pode estar bem próximo de acontecer.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Sobre achar um lugar bonito e ser feliz

Eu quero descansar.Ir pra uma lugar logo ali,bem perto.Ir pra um lugar bem longe.Longe de tudo isso.Onde haja paz.Onde a preguiça seja comum.Onde passar o dia na rede,lendo e ouvindo música não seja um problema.Eu quero não ter que.Eu não quero.Eu só quero viver e descansar.Porque viver como se quer é um descanso.Porque ser o que se quer dá um alívio lá no fundo.Um lugar onde haja paz pra pensar e beleza pra sonhar.Lugares assim existem.Quer dizer,como viver sem acreditar que um lugar desses posa existir?As coisas perderiam sentido.A vida perderia sentido.Por que tentar ganhar dinheiro,se o lugar onde você tem paz não existe?Pra quê,se aquele terreno dos seus sonhos,só existe lá,no mundo dos sonhos?Eu não sei quando vou achar um lugar assim,acho que não vou.Tudo destoa tanto disso.A eterna casa-de-praia dos planejamentos dos meus pais,a sempre comentada viagem ao Sul do país,a falada estada em uma pousada em Penedo.Sonhos,sonhos,sonhos.Eu posso parecer,talvez seja realmente,concreto demais mas todos sonham.Engraçado,quando eu estou muito cansado eu sonho ao dormir.Parece que eu me esforço tanto pra ter auto-controle que,mesmo dormindo,eu estou me controlando.Mas quando o cansaço é muito grande,os sonhos noturnos tomam um pouco do espaço na minha mente.Até que ponto é válido tanto auto-controle?Até que ponto todos os meus esforços têm sido valiosos?Eu já não sei responder.Dá vontade de ser um pouco mais corajoso e comprar um teclado,comprar uma guitarra(com toda a aparelhagem necessária) e tentar começar a tocar.Mas eu sei que essas coisas não são baratas e caso eu não aprenda,o que é muito possível,devido à minha falta de tempo,vai ser um gasto do qual eu vou ter um pouco de vergonha.Vou olhar pra trás e vou achar tudo aquilo muito extravagante.Dá vontade de pegar o dinheiro acumulado pra shows e sair indo em praticamente qualquer show(mesmo que eu goste só um pouco da banda).Dá vontade de viver música,respirar música.Eu acho que até já faço isso,mas apenas como ouvinte,como espectador,eu quero mais.Eu quero muito mais que isso.Eu gostaria que a música,quer dizer,tocar música,fosse natural em mim.E pode até ser,pela facilidade que pareço ter no teclado,a facilidade de se enxergar escalas em um teclado.Mas falta coragem pra gastar dinheiro nisso.Eu queria cheirar a música.Tem gente que tem cheiro de música,tem cara de música,tem gente que parece música.Parece que já tocou tanto aquilo,que ficou grudado nele/nela,como se fosse um órgão.Como deve ser lindo ser assim.Imaginem:"Nada importa,sabem por quê?Porque eu sou música."Como deve ser bom poder dizer isso!Como se você não tivesse outra opção na vida que não viver de música.Nossa,como eu gosto de música.E como ninguém gosta de música como eu gosto.É como mergulhar num mar infinito e belo,só que totalmente sozinho.Por isso tenho medo de me entranhar demais em mim mesmo.Imaginem como deve ser ficar sozinho,em alto-mar.Mergulhado naquela água gelada,naquele mundo escuro.Qualquer coisa pode acontecer.E esse é o pior,tudo pode acontecer mas geralmente nada acontece.A possibilidade causa tanto medo que eu quase enlouqueço.É esse medo de acabar isolando-me totalmente,é esse medo de pirar,que me faz pirar.As coisas já estão começando a ficar pouco palpáveis,táteis ou próximas.Talvez pra quem leia,isso esteja ficando vago demais,mas eu sou vago.Ou não?Não.Eu sou exato demais,exijo exatidão.Exijo certeza,não deveria,mas exijo.E agora,eu exijo uma boa noite de sono,porque isso deve me fazer bem.Talvez se eu sonhar hoje,eu possa sonhar com o lugar pacífico de que falava e aí vou ficar bem.É só disso que preciso.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Alguém

Hoje eu acordei e não estava lá.A minha vida não estava lá,as minhas coisas não estavam lá.Aquela cama que me abrigava,não era a minha.Aquele quarto parecia pequeno demais,aquela rotina parecia sufocante.Eu já não era eu,já não queria ser eu.Nada ali me pertencia.Era a maturidade que chegava.Eu sempre me deixei levar demais,sempre deixei que datas e acontecimentos me influenciassem de maneira excessiva.Eu já não tinha controle sobre o meu lado psicológico e,naquela manhã,ocorreu o ápice.Eu estava completando 14 anos e tudo me incomodava.A excessiva falta de progresso profissional e financeiro dos meus pais,a falta de progresso intelectual da minha mãe,a minha incapacidade para me dedicar com seriedade e afinco a alguma coisa.Fiquei triste também com o meu desinteresse pela vida.Os dias foram se passando e eu achava a casa pequena demais,descobri que o computador que antes eu tanto amava,não suportava metade dos jogos que eu poderia vir a querer,descobri que a minha escola que antes parecia tão boa,não passava de uma escola qualquer,com um ensino de regular pra insatisfatório.E agora?O que fazer?Há,basicamente,duas opções:permanecer ranzinza e assistir as vitóris alheias ou reagir e lutar pelo que eu quero,pelo que eu gosto.É óbvio que a segunda opção é infintamente melhor,mas não foi ela que eu escolhi.Eu até hoje não sei o porquê mas foi a minha escolha.Eu lembro que tinha vários amigos e amigas e eu sempre me esforçava ao máximo para ajudá-los,aconselhando-os e estando por perto quando necessário.Quando eles arranjavam alguém pra namorar,eu tentava ficar feliz e até ficava realmente,algumas vezes,mas aquilo já não me satisfazia.Sugar o prazer dos outros para transformar em algo meu,já não bastava,eu tinha que achar outro hobby.Escolhi um que me parecia interessante:agir.Simplesmente agir,falar,sem pensar muito.Mas isso teve consequencias(sem o trema) desagradáveis,então tive de parar antes que mais "amigos" se afastassem de mim.Coloco as aspas porque foi um pouco depois disso que eu descobri que não tinha amigos de verdade.Os que se afastaram,ao invés de tentar me ajudar e perguntar o que estava acontecendo comigo,simplesmente pararam de falar,de se comunicar comigo.Resolvi que o melhor era dar mais atenção a mim mesmo,ao que eu gostava e começar a procurar por pessoas que compartilhassem dos mesmos gostos,das mesmas vontades e,com isso,que me valorizassem mais.Para me entender melhor,acabei ficando bem mais recluso e reservado.Devido a isso,acabei gostando de ler.Não de ler muito,mas de ler coisas que me interessavam.Gostei de uns escritores aí que meus antigos "amigos" nem imaginavam existir e ainda não imaginam,eu acho.Achei pessoas que gostavam realmente de mim,eu passei a gostar mais de mim e só assim passei a lutar pelo que eu queria.Por gostar de ler e escrever,tentava sempre me aprimorar na escrita,seguindo as indicações de professores de Redação.Por amar música,passei a frequentar(sem o trema) shows e eventos de meu interesse,com pessoas mais parecidas comigo e hoje estou satisfeito.Ainda não cheguei onde quero mas há tempo.E há paciência em mim para saber esperar,para saber agir.Eu não me considero uma pessoa feliz mas uma pessoa satisfeita,o que já é bastante.O que me deixa "feliz" é saber que me livrei de tanta coisa inútil ao longo desses 4 anos.Obrigado.

Obs.:Não,não é autobiográfico.Não sou eu o narrador-personagem desse fragmento.Pode até parecer mas não é.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Férias

Eu tirei férias.Minha personalidade saiu correndo de mim antes que eu percebesse.Quedo-me sem reação ainda.Não consigo fazer muita coisa.Tenho vontade de ler,de ver filmes e não concretizo as idéias.Até concretizo,mas só uma pequena parcela das idéias.
Mas por que tudo isso?Há vários motivos.É engraçado isso.Quando não se tem tempo para fazer as coisas de que se gosta,é reclamação que só.Quando há tempo de sobra,as coisas não acontecem como eu gostaria(ou como vários de nós gostaríamos).Mas o motivo,pelo menos é o que eu acho que seja,é o seguinte:eu atinji um objetivo e me senti satisfeito com isso.Achei que isso fosse me nutrir pelo resto das férias,desculpe.Eu não esperava que isso fosse me deixar completo por um longo espaço de tempo,eu só me entreguei e esperei que fosse durar.Apesar disso,eu sou menos humano do que penso e eu preciso de coisas concretas,que tenham futuro.Coisas nas quais eu acredito.As coisas efêmeras,momentâneas infelizmente não me servem(como eu imaginava que me servissem).Eu acho que fiquei um pouco triste e desesperançoso a princípio.A descoberta não é das mais agradáveis pra mim,já que o objetivo é ser mais parecido com o resto.Mesmo assim,não tenho tido tantos problemas quanto a isso.Então não,o simples prazer carnal não me é tão útil e satisfatório quanto eu gostaria.Eu preciso de algo maior,mais completo e mais verdadeiro.Eu não sei muito bem a que me entreguei,só sei que agora não consigo escapar do vício.Todo dia é dia,toda hora é hora.Eu fui criado dentro de conceitos muito machistas e a impressão que dá é que:se eu tenho a oportunidade e não faço,não sou realmente homem mas,no fundo,eu sei que não é assim.Eu simplesmente me deixo levar por esses modelos.Eu já reivindiquei coisas demais na minha vida.Questionar quão machista eu sou,quanto de preconceito contra homossexualismo masculino há na minha formação não me cabe agora.E eu me sinto fraco e carente.Assim,entrego-me facilmente a esse tipo de coisa.Pena que para me entregar a isso,eu tenha de atingir um novo estado,descobrir uma nova personalidade,que geralmente não me pertence.Ser mais simples,mais animal,menos eu.Eu acho que tudo isso está ficando confuso e,talvez,vago demais mas faz um tempo que não escrevo.É essa a maneira que tenho pra me expressar.
Eu gostaria tanto de ter ao meu lado alguém que me completasse.Claro,todo mundo quer isso.Só que meu caso é complicado.Juntando a timidez e a personalidade instável,achar esse alguém torna-se praticamente impossível.Falo da timidez porque não sei se teria capacidade pra me aproximar dessa pessoa da maneira que eu gostaria e cito a minha personalidade,imaginando uma pessoa do sexo oposto que não fosse me julgar mal,caso eu agisse naturalmente perto dela.Nessas férias,eu tenho alguém para abraçar,para beijar e ir até um pouco além disso,como eu queria.Só que continuo solitário.Sinto-me só como não me sentia faz bastante tempo.E nunca estive tão próximo de alguém como estou agora.E as coisas são mais complicadas do que parecem,devido ao grau de parentesco.
Eu não sei.Simplesmente,não sei.Não consigo voltar pra mim e fico confuso não saindo daqui.Já não tenho porto seguro,eu não tenho mais no que me apoiar.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Vergonha

Eu devia sentir-me envergonhado.Eu já não sei escrever!Há poucos dias atrás(que agora pode ser também ha poucos dias atras),eu sabia escrever bem e algumas pessoas até me respeitavam por isso.E agora?E o meu orgulho?Pra onde vai?E o orgulho que eu tinha da beleza da minha língua e de toda a sua riqueza?Como posso me orgulhar de algo que já não me parece lógico.Não sei se ja não me parece logico.Estou perdido,humilhado,sem chão.E os alunos que já tinham dificuldade?Esses teriam dificuldade de qualquer forma.E os que sabiam utilizar a ortografia corretamente?São rebaixados ao nível de quaisquer outros?E os professores?Quão inseguros ficarão quando o aluno perguntar coisas que ele não vai saber responder?Pois aquele português de 5/6 dias atrás já não é o que querem que nós usemos.E por que sendo Portugal uma nação de território,ou territorio,energúmeno frente ao vasto campo territorial brasileiro e de nação de quantidade ínfima,vai ter 6 anos enquanto nós só teremos 4 anos?Por que o certo agora é paraquedas e para-brisas continua com hífen?Por que os prefixos aero,agro,alvi,ante,anti,arqui,auto,contra,des,eletro,entre,extra,foto,geo,hidro,in,infra,intra,
macro,maxi,mega,micro,mini,moto,multi,nano,neo,pluri,poli,proto,pseudo,re,retro,semi,sobre,
socio,supra,tele,tri,ultra,caso,video se juntam com hífen ao segundo termo quando a letra inicial é H ou uma vogal igual à do final prefixo,de acordo com a nova regra,e outros prefixos não?Por que os prefixos piro,para,equi,super,hiper,inter e tantos outros não estão na lista?Por que o documento assinado nas décadas de 80 e 90 por Antônio Houaiss(brasileiro) e João Malaca Casteleiro não foi revisto?Por que em vez de realmente sentir vergonha,como disse no início do texto,eu sinto raiva?Por que estou indignado se o novo acordo é algo que tem por objetivo beneficiar?Por que eu consegui ler a obra completa de Alberto Caeiro(um dos heterônimos de Fernando Pessoa),e foi uma das coisas mais prazerosas que já fiz na vida,sem precisar de tradução?Por que quando vou a um blog português consigo ler sem muita dificuldade?E por que depois desse acordo nada mudou?Que benefício esse acordo traz para os,aproximadamente,240 milhões de pessoas que têm no português seu idioma oficial?Por que?Por que?Por que?Por que o governo vai gastar tanto para revisar os livros das bibliotecas do país,se esse acordo não parece ter um benefício palpável?Por que o ser humano não é razoável?Por que cometemos crimes?Por que há assassinatos?Por que há estupros?Por que?Por que?Pela falta de lógica?Se algumas das pessoas mais letradas do país,que em tese seriam mais lógicos e racionais que a massa,estão fazendo o que me parece uma das coisas mais estúpidas que já vi em vida,estamos na merda?Sim,estamos na merda.Nem na merda estamos,pois seria um lugar para pisar.Não há chão,estamos voando na falta de conhecimento agora.Eu sabia escrever,agora não sei mais.Acabei de passar em um concurso federal e adquiri bastante conhecimento estudando para ele.Em quanto tempo vou conseguir reaprender a minha própria língua?Quer dizer,lingua.Em quanto tempo os professores brasileiros,que já não são aptos a ensinar uma regra que existe faz um bom tempo,vão estar qualificados para ensinar uma gramática já com as novas regras?Nada faz sentido.Sinto-me traído,ou traido,enganado,melancólico e burro.E se você acha que sabe escrever em português,considere-se burro também.Todos são burros.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Pois É

Cadê a poesia em mim?
Não há.Há prosa e prosa e pontos de interrogação.
E exclamações e parágrafos.
Sem espaço para estrofes e sonetos em minha vida
por ser regrado,por querer ser certo.
Pra poder ser direito.
A poesia em mim morreu.
Cadê?Sumiu.
Já existiu?Faz tempo.
O assassinato foi brusco?Não,foi bom e aos poucos.
Matar a poesia em mim foi a busca pelo óbvio.
Foi na busca pelo óbvio,que o meu eu-lírico preferiu os ensaios.
Foi na busca pela certeza e pela garantia e pelo pé no chão que acabou.


Ali perto corre um riacho que ninguém vê.
De lá trago flores bonitas pra você.
Se você mesmo assim não gostar,juro que um dia eu irei me zangar.

Até minha poesia quer ser prosa.Quer ter ponto,quer ter certeza,quer tocar chão com pé firme.Quer tocar chão firme com pé.

Até onde vai a poesia?O que é a poesia?Pra quê rima?
Para exibir beleza aos de cima.Para não ter de dar satisfação aos de baixo,
pra poder falar tudo que eu acho,
de uma maneira bonita.Ininteligível?Sim.
Esse é o fim.

Onde é o fim?Cadê o horizonte?
Lembro que cheguei perto um dia.Mentira.

Qual é a graça de ficar nessa bagunça?Escrevendo feio e sem sentido.
Poeta tem que ser perdido?
Na verdade,não.A poesia de um,reflete seu interior
Clichê esse turpor.
De não dizer nada e parecer dizer tudo.
Assim é fácil.É como se fosse mudo...
Nada é dito,nada é acrescentado
ao pouco que se vê.
Essa é a beleza dos versos,enxergar o que não há.
Não entender e mergulhar.Descontruir ou rimar,
escolha a tua forma de velejar.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Feliz Ano Novo

Feliz Ano Novo?Feliz Ano Novo!Quantas reflexões,opiniões e debates poderiam ser construídos a partir de toda esa mistificação do fim do ano?Inúmeras,sem dúvida.Por mais que muitos desses já tenham sido esgotados,sempre vem algo à mente(pelo menos à minha).É um simbolismo fútil?Se o brasileiro valoriza o Ano Novo mais do que os outros povos,significa que o brasileiro é excessivamente supersticioso?Eu responderia sim para as duas perguntas.No Brasil,até os céticos são místicos.Todo mundo tem seus rituais,por mais secretos que sejam.Alguns vestem-se de branco,outros pulam 7 ondas pra pedir benção a Iemanjá.Qual é o meu rito?É não ter rito.É tentar mostrar o quanto eu não me importo.Ter esse ar relaxado e leve,em toda virada de ano.Enquanto todo mundo tenta colocar roupa nova,bonita e "chique",eu coloco uma roupa que eu colocaria em qualquer outro dia.Acho que isso não deixa de ser um ritual.
Engraçado pensar que no melhor ano da minha vida,eu estava de preto no Reveillon.Acho que foi exatamente por esse espírito de querer fazer tudo diferente é que aquele ano deu certo.Eu fiz diferente e gostei.Muita coisa daquela personalidade,recém-nascida na época,ficou.Ficaram os bons momentos que tive e os hábitos positivos.Por exemplo,hoje é estranho pra mim,dormir sem ler alguma coisa antes.Seja conto,romance,jornal ou revista.Simplesmente ler.Eu fiz disso um hábito,antes não era.A descoberta de uma personalidade mais simples e menos sofrida.Tudo foi muito bom.

Estou ouvindo agora o famoso "cd da banana".Pra quem não conhece,é o Velvet Underground and Nico de 1967,com uma simples banana na capa.Capa feita por Andy Warhol,que registrou vários momentos da banda.É engraçado pensar no Andy Warhol como gênio hoje."Transformar em arte,coisas cotidianas,eu poderia fazer isso".Realmente eu poderia,mas não fiz.Quando eu olho uma pintura de Renoir,de Salvador Dalí,de Frida Kahlo,aquilo é visto imediatamente como arte,devido à complexidade de detalhes.Devido à perfeição com que se representa a humanidade e o que a cerca.Mesmo sem querer,é assim que a maioria enxerga a arte(eu estou incluso nessa maioria,só nessa).A arte tem de ser algo muito complexo,distante de nós.E é por isso que na época foi difícil a concepção do Warhol como artista.Naquela época,ter aquele tipo de visão foi muito importante,pelo fato deque aquilo parecia totalmente novo e impensável.Hoje isso é já é visto com tranqüilidade por um número legal de pessoas(ainda não a maioria),que fazem da arte algo simples,real e palpável.É por isso,que incentivo as pessoas a escreverem.Talvez pudese haver um gênio naquela pessoa tímida,que esconde seus textos.Naquela pessoa que desenha escondida nas aulas,poderia haver um grande desenhista.Mas só há grandes artistas,quando passos são dados.Se o Andy Warhol tivesse sentido vergonha de mostrar e expressar como ele via as coisas,o que ele seria agora?Ele não seria,ele não existiria.Atitudes similares à do sr. Warhol podem ser vistas na arte plástica de Marcel Duchamp que,acabei de descobrir,é chamada de Ready Made.O Duchamp fazia coisas interessantes também como colocar mictórios e rodas de bicicletas em exposição.E pra provar ainda quão relativo é o conceito artístico e quão desnecessária é a preocupação ao se escrever ou fazer pinturas,há o Dadaísmo.O que é o Dadaísmo?É algo do tipo:"olha e reflete".Enxergou alguma coisa?Ótimo.Não enxergou?Tudo bem também.Seria a arte pela arte.A tentativa de não se dizer nada ao fazer arte.
Um problema que existe é que,como tudo na vida,toda essa abrangência dada ao que significa arte,além de incluir um número grande de pessoas na arte,o que é maravilhoso,torna as coisas um pouco fúteis e vazias.Qualquer um pode se dizer artista.Desde Goethe até alguém que tenha um post em um blog contendo apenas a letra A.Desde Dante Alighieri até aquele preto da sua rua que picha qualquer merda na parede.E aí?Como faz?Ah,se todos tivessem a capacidade de uma autocrítica sincera...
Falando de desejos impossíveis...não,desculpe,falando simplesmente de desejos,ai vai aquela pergunta bem surpreendente e original:o que você quer realizar neste ano que chega?Por favor,respondam!
Eu diria que quero começar a juntar dinheiro pra fazer uma viagem pro exterior um dia,fazer um curso de cinema ou fotografia e pra poder gastar em cultura(nota:o último já vem acontecendo).Então pra todos vocês,um ano repleto de coisas possíveis.De desejos e realizações possíveis.De sonhos palpáveis e realidade bonita.É isso que desejo pra vocês.
Feliz 2009