domingo, 28 de dezembro de 2008

Insensato

Eu ando por campos bonitos.Vejo cavalos e éguas.Eu vejo bois e bezerros e vacas e a grama não cortada.Eu vejo o desleixo do dono desta propriedade,apesar de o campo ser naturalmente belo.A grama não é cortada,os animais correm soltos e tudo é tranqüilo.Assim era a fazenda do meu tio.Não um lugar bem tratado,com grande produção bovina.Não era uma grande negócio.Era apenas um hobbie temporário.E eu percebia que meu tio já estava cansando daquilo.Sabendo disso,eu perguntei:
_Por que você não desiste disso tudo aqui?Você nem precisa fazer isso e,além do mais,não parece mais sentir prazer em cuidar dessas terras.
E ele respondeu:
_Eu preciso fazer isso porque foi uma meta estabelecida:fazer um negócio dar certo,mesmo depois de aposentado!
Eu,cansado da rotina de trabalho,deixei-o e só voltaria a insistir depois de alguns meses.Já fazia tempo que meu trabalho estava sendo cansativo demais,eu não me agüentava mais de tanto cansaço.E viver na minha casa era extremamente estressante,então decidi morar na fazendo com os meus tios por um tempo.
Apesar do desejo de tranqüilidade,aquele lugar parecia demasiado apático pra mim.Com o tempo,a mistura entre o cansaço do trabalho e a apatia de casa me deram uma inércia inexplicável.Já não conseguia me mover,não por doença nem nada,mas por desânimo.Para acabar com isso,passei a sair com os poucos amigos que me restavam toda sexta-feira.Conheci muita gente legal e encontrei uma garota que deveria me manter satisfeito com minha vida durante os próximos anos.Só que aconteceu algo estranho.
Ao sair da casa dos meus tios pela manhã,para ir ao trabalho,logo na porta,sinto um baque muito forte e meu corpo vai de encontro ao chão.E,de repente,estou assistindo de um lugar bem alto,o meu antigo corpo mover-se.Depois de horas sem nada entender,eu aceito:saí de meu corpo e agora apenas devo observar.E foi o que fiz por uma semana.
A visão não me agradava.Eu me achava mais bonito,mais interessante mas não.Eu era exatamente o que estava vendo ali.Seja lá o que tinha tomado o meu corpo,fazia as mesmas coisas que eu,falava as mesmas coisas que eu,enfim...era eu,só não sei como se deu o processo.Espiando atentamente cada passo,cada movimento e cada atitude,percebi quão vazia era minha vida.A minha namorada era uma idiota ignorante.Eu nunca fazia coisas realmente úteis para o universo.Era uma vida feia e egoísta.Eu só me sentia feliz por não estar lá,sendo aquele ser detestável e artificial.Logo que pude terminar essa reflexão,minha consciência foi enviada de volta ao corpo pela entidade responsável.
Agora eu estava mais inerte ainda.Decepcionado com o monstro vazio criado pelos meus pais.Eu tinha vergonha deles também por não terem me ajudado a me desenvolver de maneira a ser melhor do que era agora.E no ápice do meu desespero,tomei uma decisão:eu morro hoje,renascerei outro.Sem os amigos,sem a namorada,sem a família,sem mim.Naquele dia mesmo,pedi demissão,despedi-me dos meus tios,mandei uma carta aos meus pais(pra que só chegasse alguns dias depois,caso eles quisessem impedir-me),terminei com minha namorada e apaguei do celular os números de telefones dos amigos.Era um novo ser em um novo mundo.E como todo bebê,eu estava perdido,imerso em minha "re-ingenuidade".Não sabiá por onde começar,só tinha uma pergunta em mente:"O que posso fazer para tornar o mundo melhor?".A resposta não veio rápido.Peguei um ônibus para ir ao centro da cidade e me informar melhor sobre o que acontecia à minha volta.Li o jornal inteiro,compre revistas de filosofia e vi quão ruim era o ensino em minha cidade.Com apenas meu ensino médio,decidi ser professor voluntário de uma ONG em uma favela qualquer.
Com o tempo,ao invés de achar cada vez mais natural,toda a violência e brutalidade daquela periferia só me horrorizavam mais e eu passei a ver um futuro bandido em cada aluno meu.Como covarde,que sempre fui,não tive forças pra tentar educar essas crianças e evitar que se tornassem marginais.Desisti.Foram os dois anos mais complicados da minha vida.Todo aquele conflito...os livros de pedagogia e filosofia não tinham nada a ver com as situações que via todos os dias.Eu ia de Nietzsche a fuzis.De Paulo Freire a crianças fumando maconha.Essa foi minha realidade por dois longos anos.E como me sustentei nesse tempo?Essa ONG,era bem pequena,mas alguns professores voluntários haviam criado uma espécie de república bem próxima a comunidade a qual a gente atendia.Eu vivia lá e o dinheiro pra comer conseguia trabalhando como caixa em um restaurante Fast-Food.Quando desisti de dar aulas,pensei:"Como esses hambúrgueres chegam a esse restaurante?Será que pertence a uma fonte confiável?E quão saudável é esse sanduíche gorduroso?"Comecei a pesquisar sobre redes de Fast-Food e me informei melhor.Descobri que a carne bovina vinha com pequenas contaminações às vezes e que as redes de Fast-Food são das intituições que mais recebem processos por ano.Descobri que,obviamente,aqueles sanduíches não eram nem um pouco saudáveis e resolvi,não parar de trabalhar lá,pois senão não haveria dinheiro,mas fazer campanhas contra esse tipo de comida.Consegui juntar cinco pessoas,das quais 3 eram professores da minha ex-ONG e as outras duas eram amigas dos professores.Fazíamos campanha na porta de outros restaurantes e distribuíamos panfletos.Engajei-me na causa,tornei-me vegetariano,só havia um problema:o fato de trabalhar num Fast-Food.Meus companheiros de protesto,que agora já eram 10,achavam excessivamente contraditória a minha situação e,por fim,acabaram me expulsando do meu próprio projeto,alegando que eu era um hipócrita qualquer que só queria aliviar a culpa por fornecer aquele tipo de comida às pessoas.Era o meu fim,pensei.Eu tinha algo maior,que fizesse diferença na vida de muito mais pessoas.Fiquei cansado novamente,apático e melancólico.Nada que eu fizesse dava certo.Fui tomado por um pessimismo digno de Schopenhauer.Eu tornei-me tão desiludido com a vida que havia atingido o mesmo estágio de antes.Só que dessa vez foi pior.Eu havia enlouquecido!Comecei a ter depressão,com ela,as constantes mudanças de humor,não podendo sequer trabalhar.Todo o dinheiro que sobrou,gsatei indo a consultas psiquiátricas,só não havia mais jeito.Eu estava tomado pela insanidade.Fui parar em um sanatório,onde morei por 3 anos,até morrer.Hoje morto,tenho consciência o bastante para escrever isso aqui.Morri com 34 anos e meus pais nem sequer me procuraram naquele tempo,acho que respeitaram demais a minha decisão ou queriam se ver livres de mim.Se era a segunda,conseguiram.Aqui em cima é engraçado e,sem dúvida,muito melhor que aí embaixo.Estou mais feliz e mais bonito morto.Eu sou morto e quero estar morto para sempre.Viva a morte!E nela que se encontra a paz.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Perguntas

Qual é a graça?Ainda tem graça?Sobrou alguma?Acho que não.Sim,as coisas já perderam o sentido faz tempo.Não há vontade de continuar.
E a inspiração?Foi-se.
A vontade?Persiste.
É suficiente?Não parece.
O que há de inspirador na minha vida?O que há?Não enxergo.
Algum diálogo com alguma pessoa faz de mim um ser melhor?Não.
A minha rotina,o que vejo,o que está a minha volta parece inspirador?Nem um pouco.
Chega.Eu já não vejo.Devo insistir?Sim.
Será apenas questão de mudar a minha visão sobre as coisas?Sim.
Mas as coisas estão realmente ruins?Sim.
Isso é um jogo da minha mente?Sim.
Por que,Consciência,brincas tanto comigo?É bom.
Bom pra quem?Não sei.
Eu vou chegar louco ao final de meus dias?É provável.
E por quê?Porque você merece.
Por que eu mereço?Encarnações passadas me condenam?Maltratei alguém durante a minha primeira infância propositalmente?Não.Você foi escolhido e ponto final.Não adianta fugir.Eu peso em ti e sempre pesarei.Todo o conhecimento,senso crítico e visão-de-mundo adquiridos serão o que te eleva e também o teu fardo.Eternamente.
E se eu me reconstituir?Matar essa personalidade?Já tentaste?É impossível,tolo.
Mato-me?O punhal está ali.
Obrigado.
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É enorme a confusão do texto anterior.Fragmentado,confuso e é isso.Eu só queria dizer que não consigo mais enxergar beleza na vida.Existiam coisas que me inspiravam.Eu tinha o meu pai pra conversar sobre inúmeras coisas,conversando com ele toda noite,eu via beleza na vida.Ele me ensinou a não lidar de maneira tão negativa com a vida,mas cadê ele agora?Está em São Paulo,eu aqui.Pelo telefone funciona?Um pouco,mas não é a mesma coisa,isso é sem dúvida.Toda essa angústia surgiu porque ele está aqui desde o dia 24 e só vai embora na Segunda-feira.Hoje a gente teve um daqueles diálogos,que costumava ser diário,e eu percebi o quanto as coisas eram mais fase há 3/4 meses atrás.Eu lembro que desde que ele foi,minha vida cultural morreu.Eu lembro que toda Sexta-feira,ou quase toda,estávamos procurando por algum filme ou peça teatral no CCBB aqui do Rio.Eu lembro o quanto eu tenho que me rebaixar pra não ter que brigar com a minha mãe,para conseguir suportar toda a futilidade e todo o vazio que ela representa.Como pode ser uma mãe o símbolo-mor de futilidade na vida de um filho?Tenho sentido tanta vontade de dizer:
_Eu quero uma mãe,não uma empregada,não uma babá.
É assim que sou tratado.Ela lava,passa,cozinha,é ótima dona-de-casa.Quando eu era pequeno,todos me achavam lindo por ser tão arrumadinho e tudo mais.Mas ela se sacrifica por mim?A preocupação dela comigo só acontece a nível de proibição.Sempre proíbe.Na hora de me levar a algum lugar:não pode.Proíbe mas não esforça-se para que eu possa ir nos lugares de acordo com as condições que ela mesma impõe.Quanto tempo da minha vid eu passei tentando me impôr frente a ela?Quantos noites na minha infância o chuveiro ficou encharcado de lágrimas e catarro,de choro de raiva.De choro de nojo.De choro de desgosto.De choro.Quanto eu poderia ter aproveitado a mais da minha vida,se não fosse pelo medo de pedir pra sair.Eu tinha medo de pedir pra sair,pelo estresse causado pela situação.Só ao pedir,ela ficava irritada.Quanto tempo eu perco escrevendo sobre o quanto ela só me puxa pra trás?Quantos posts nesse blog são culpa dela,direta(como esse aqui) ou indiretamente.Tudo que me incomoda na minha personalidade está ligado a ela(frase provavelmente já escrita outras vezes por aqui).O quanto deve ser um saco entrar num blog e ver reclamações babacas tão pessoais,em vez dos textos de teor filosófico e útil para o resto da sociedade,que reinavam no início do blog?Ou será que se sente prazer no sofrimento do outro?Sentem conforto ao ler isso?Respondam,por favor,como sentem-se ao ler isso.Acho que o sofrimento alheio sempre foi um comforto pra mim.Algo do tipo:
_Eu não estou tão sozinho assim.
Sempre.Quer dizer,sempre,até o dia em que eu parei de ter tempo pra isso.O que ocorreu faz uns dois anos.E o Natal de vocês?De vocês que lêem?Foi bom?Respondam.O meu foi,obrigado.Eu joguei videogame e comi bastante.Qual é o sentido do Natal,mesmo?Aniquilar a importância de festas pagãs que ocorrem na mesma época?Ser o símbolo máximo do consumismo desenfreado,perdido e descontrolado?Por que ninguém admite isso?Por que quandos meus familiares me abraçaram ao desejar Feliz Natal,eles falaram:"Feliz Natal.Que seus caminhos sejam iluminados,que você continue sendo esse menino abençoado."?
Por que?Por que?Por que?Por que minha mente resolveu processar esse monte de perguntas,às duas horas da manhã do dia depois de Natal?Será por que a minha prima está aqui?Será que é porque eu lembro dos três anos em que ela morou aqui e eu fui o irmão mais novo?Será que eu lembrei inconscientemente do que aqueles três anos causaram em mim?Será que estou gostando de me sentir protegido de novo?Será que se eu tivesse continuado como irmão mai novo,sem tanta obrigação de ter sucesso,eu teria seguido o caminha que segui?Isso importa agora?Quantos pontos-de-interrogação existem nessa postagem?Como eu consegui chegar a 104 postagens?Eu queria que esse blog durasse,mas não acreditava muito na duração dele.Hoje ele é necessário.Totalmente.Excessivamente necessário.E eu vou ficar triste quando meu pai voltar pra São Paulo,na Segunda-feira?Quão triste?Triste a ponto de escrever mais do que hoje ou a ponto de chorar e,com isso,resolver meus problemas.
Outro assunto me veio a mente agora.Ao falar de chorar,lembrei disso.O "chorar" deveria ser usado como terapia.Como chorar é bom,quer dizer,quando precisa aliviar alguma mágoa.Eu já pensei em chorar todo dia,seria fácil até,mas acabei não levando à frente.Chorar ajuda.Eu poderia tentar ser pioneiro em "Choroterapia" ou "Lagrimoterapia".Já deve existir algo do tipo,eu só precisaria me especializar,fazer vários cursos em cima disso e investir bastante.Seria uma pequena área dentro de psicologia.Mas será que eu teria equilíbrio pra lidar com a mente de outra pessoa?Caso você conversasse comigo um dia desses,pessoalmente,provavelmente diria que sim.Lendo meus textos fica claro meu desequilíbrio.Ou será que todo mundo é desequilibrado,só não escreve(como eu) ou não compõe músicas(como o Thom Yorke,a Bjork,a Beth Gibbons)?Claro,não querendo me comparar,em textos,aos compositores acima,em música.Com certeza,não.Ou sim?Qual é a distância entre os autores e compositores conhecidos e os que estão sentados atrás de telas de computador,escrevendo para 5 pessoas?A diferença é a sorte?É o empreendedorismo?É alguma clareza a mais de pensamentos?Quem sabe?
Por falar em "Quem sabe",o Los Hermanos tem planos pra volta em 2009.Sim,o show de despedida foi só uma puta jogada de marketing,como já era esperado por mim.O Amarante declarou em uma conversa com um blogueiro desses aí,em um bar antes do show do Little Joy que a banda voltaria pra fazer um show de reunião e,depoi,só sairía de estúdio com um cd pronto.Que felicidade!"Quem sabe o que é ter e perder alguém?"Eu não sei.Realmente,não sei.Até sei,só que de maneira bem sutil.Pensando no significado de relacionamento afetivo,namoro que a música tem.O post ficou grande demais?É mesmo?Deve ser porque...é Natal!Na verdade já não é mais,por estar de madrugada mas o espírito natalino é recente,o cheiro de Natal não está muito longe.
Eu pensei em cheiro e pensei também em cheiro ruim,cheiro de lixo,lembrei de outra coisa.Os lixeiros estão em greve de novo por aqui.Eles estão de sacanagem,de novo.Deveria eu ver o lado deles?Deveria eu enxergar que é correto,da parte deles,reivindicar?Ou eu fico daqui,só vendo o meu lado e o quanto é ruim ter a rua com lixo?Principalmente,em dias de chuva,como todos já sabíamos que iriam acontecer ao decorrer da semana.Há riscos de alagamento,contaminação por tétano,leptospirose e várias outras doenças,juntando-se o lixo nas ruas com a chuva empoçada nas ruas.O lixo entope os bueiros,ocorrem alagamentos,as pessoas morrem e os lixeiros ganham mais dinheiro.Quem é egoísta aqui?Também lembrei do descuido das pessoas,deixando lixo nas ruas,jogando em qualquer lugar,causando também os acidentes citados acima.Pessoal,pára de jogar lixo na rua.Há lixeira.Conscientizem-se.É tão óbvio.Nem sei se deveríamos chamar de consciência.É instinto de auto-preservação.Mas nem instintos úteis e inteligentes tem esse povo bárbaro,retrógrado,ou melhor,burro.As pessoas daqui são detestáveis.Eu não sei se estou falando de São Gonçalo,do Rio de Janeiro ou do Mundo.Eu gostaria de viajar pelo mundo pra saber como são as pessoas.Eu fui à Zona Sul de São Paulo,que fica a não mais de 6 horas daqui(por meio viário) e descobri que existem pessoas mais educadas,com hábitos mais bonitos.Há esperança.Há esperança?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Não sinto como se tivesse algo a dizer.Não sei se essa sensação existe,na verdade.Mas eu acho que não tenho assunto.Eu poderia falar desse final de ano.Sobre como o brasileiro não sabe planejar nada e,por isso,em vésperas de Natal as ruas ficam lotadas.E costuma chover bastante nessa época do ano por aqui.Já que os nossos maravilhosos compatriotas não sabem se precaver,os lugares ficam alagados e milhares de pessoas perdem casa,amigos,família.Tudo que acontece de ruim no país é culpa do povo.Claro,isso é bem óbvio.Mas tem gente que acha que não.É sempre culpa do governo corrupto,que é malvado e rouba todo mundo.Vamos lá.Quem não reivindica seus direitos(porque não os conhece)e se deixa manipular a todo o tempo por esses governantes?A resposta não é muito difícil.Eu já escrevi muito isso aqui no blog,em textos passados,mas falta às pessoas,coragem,honestidade,sinceridade,humildade...realmente falta muita coisa,mas todas essas características citadas anteriormente têm a ver com "chamar a responsabilidade para si","admitir a culpa".O povo acovarda-se na hora de admitir que é tudo culpa nossa.
Outra coisa que eu acho estranha é essa estória de que o Brasil é um país "emergente".Eu não sei,mas país emergente há quase vinte anos,já deixou de ser emergente.Ou não?Não entendo o bastante disso pra falar com certeza.O Brasil tornar-se potência mundial seria um grande marco.Seria a primeira nação que foi uma colônia de exploração a tornar-se poderosa.Seria um sinal de esperança pra todos os outros países latinos.Acho que pode acontecer,sim,com o tempo.Daqui a 50 anos ou mais,o Brasil pode vir a se tornar uma potência econômica.Falta reformar completamente o sistema de ensino público,pra que a população cresça junto com o país,diferente da época do "Milagre Econômico" brasileiro da década de 70,diferente do que vem acontecendo.As coisas têm melhorado.Acho o Lula um presidente muito melhor do que foi o FHC.Apesar disso,ainda existem alguns que insistem em dizer:
_Mas ele nem sabe ler.
O Fernando Henrique Cardoso era extremamente culto e havia estudado bastante,mas de nada adianta tudo isso.Quanto mais estudado for o governante,melhor ele irá manipular o povo,pelo menos é o que acontece aqui no Brasil.Não digo para votarmos em presidentes que não tenham completado a escola,só estou dizendo que deveríamos melhorar nossos critérios de escolha.Apesar de ainda se ouvir muita besteira por aí,o Lula é o presidente com o maior índice de aprovação da história do país.70% de aprovação por parte da população.A situação aqui é tão ruim que quando um presidente rouba menos,já é maravilhoso.E,apesar de mensalões e outros conchavos já sabidos,talvez ele seja o presidente que o Brasil já teve.Evoluiu economicamente,investiu em fontes alternativas de combustível e não se esqueceu completamente do povo.Não completamente.

Posso falar aqui,também,sobre quão fútil é o Natal e o Revéillon.O Natal tornou-se basicamente a expressão-mor do capitalismo,travestida de festa religiosa.Talvez alguns,mas quantos esperam pelo Natal só pra reunir-se com a família,confraternizar com seus parentes e celebrar o nascimento de Jesus?Eu gosto de me reunir com a família,mas não é esse o principal atrativo.São os presentes.O presente de Natal é o mais caro do ano.O presente de Natal é aquele pelo qual a gente fica babando na vitrine o ano inteiro.Por isso,tanta alegria no Natal.E o Ano Novo é algo tipo:
_Só fiz merda esse ano.Foda-se,vou esquecer tudo e começar do zero.
O Revéillon serve pras pessoas livrarem-se de certos pesos e tentar recomeçar,já falei mais profundamente sobre essa festa de virada de ano por aqui,então não vou fazê-lo novamente.

Eu poderia não ter falado nada e ter parado no primeiro parágrafo.Mas como foi visto,mesmo sem nada pra dizer,sempre há alguma coisa a se dizer.Por isso incentivo as pessoas a escrever.Sempre existe algo a se expressar.Sempre.Na verdade,em alguns casos,nem sempre.Mas dá pra esforçar-se um pouco mais.Alguma coisa sai!Então,escrevam!Não fiquem com vergonha.Eu sei que as pessoas que comentam aqui têm blogs,logo,imagino que sintam-se um pouco mais à vontade pra escrever e mostrar para outros,mas caso alguma das pessoas que forem ler isso aqui sintam medo de divulgar seus textos,não sintam!Eu achava que escrevia muito mal,mas as pessoas sempre me diziam o contrário.Eu acreditei e hoje me divirto escrevendo!Façam o mesmo!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Retalhos

Qual é o máximo de tempo que eu consigo ficar sem postar no blog?Eu não sei.Só que tá sendo muito difícil não postar.Eu tenho tido vontade de roubar frases.Fazer com que elas sejam minhas.Roubar músicas,achar que fui eu que compus.Só porque eu gosto muito.Uma dessas músicas tem uma estrofe assim:
"All I want in life's
A little bit of love to take the pain away
Getting strong today
A giant step each day"

Eu achei muito legal.Eu nem sei se faz tanto sentido assim,mas é bom pensar que sim.Pra mim,faz sentido.
Já que é pra colocar fragmentos,vai um:
Os problemas são muito maiores que eu.Eu desisto.
My problems are much bigger than I am.I quit.

E por que esses fragmentos me vêm à cabeça?Soltos.Flutuando sozinhos.Assim como eu flutuo sozinho.Mas por que?Por que tanta tristeza?Tanto isolamento?Tanta melancolia?Porra,eu sou uma criança.Olha a minha idade.Eu devia estar indo a micaretas e pegando as cocotinhas(é esse o vocabulário mesmo).Por que eu?Por que não aconteceu com o vizinho?Por que o garoto estranho não é aquele meu primo que fuma e pega mulher?É muita sorte ou muito azar?Quantas vezes eu já pensei em desistir da minha vida e quantas vezes outras pessoas já me disseram que queriam ser como eu?Se eu contar e a primeira vencer,posso me matar agora?Com o tempo,pensei que Deus fosse aparecer pra ficar na minha vida.Mas cadê?Ele tava tão perto quando eu era criança.Um dia sumiu e não tem voltado.Nem pra conversar,tomar um café.Quantos anos faltam pra eu me entregar a completa ignorância?Eu acreditava que fosse me livrar desse ceticismo desde que comecei a ler um pouco de filosofia.Mas só aumenta.Eu tenho medo do amanhã,o passado é feio e o presente machuca.E aí o que eu faço?Por agora,posso escrever um conto.

O CONTO
Havia um poeta que queria escrever um conto.Mas por que agora?Por que depois de tantos anos de belos e complexos poemas,ele queria escrever um conto em prosa?Só para transgredir as suas limitações.A vida sempre lhe impôs limites e através de sua literatura,ele bania os limites.Ele começou assim:
"Era uma vez..."
Mas parecia-lhe artificial.Não tinha a profundidade e a originalidade de sua poesia.Passou a noite toda,tentando escrever pelo menos duas páginas.Tudo em vão.Acabou dormindo em cima dos papéis e acordou frustrado na manhã seguinte.Fez tudo de qualquer jeito no dia seguinte.Até o ato matinal de ir à padaria e depois comprar jornal,que ele tanto apreciava,parecia efêmero e sem graça.Fez tudo correndo,só para poder escrever de noite.Planejou milhares de tramas,pensou frases bem elaboradas e quando sentou-se na escrivaninha...nada.O papel ficou em branco,novamente.A partir disso começou a refletir:
_Eu que me achava tão genial,sempre elogiado por amigos,pela capacidade de expressar sentimentos com tanta clareza,tenho de limitar-me a estrofes e versos.Não passo de um...poeta.
E a tristeza pela sua incapacidade foi dominando o poeta cada vez mais.Já que não havia mais nada a se fazer,voltou a escrever poemas.Poemas dessa vez muito mais tristes e,já que sua tristeza havia sido enorme,os poemas vinham cada vez maiores e ele acabou por compôr sua maior obra,não só no tamanho,pois misturava algo da frustração advinda de sua experiência mal-sucedida com suas antigas inspirações.Depois de ver a perfeição de sua recém-nascida obra poética,parou e pensou:
_Será a melancolia a maior das inspirações?
Com essa reflexão,escreveu inúmeros ensaios e até contos,tendo como personagem principal,a melancolia.
E foi feliz para sempre.




Desculpe a falta de finalidade do conto.Ele simplesmente é.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O que tem no fundo?

Qual é o sentido da vida?E existe realmente uma essência única?Será que cabe a cada um descobrir suas próprias motivações?Concordar com a última pergunta é o que me parece mais sensato.Mas o que acontece quando essas motivações não te preenchem por completo?O que acontece quando a sensação de vazio é maior que a força para revidar?É assim que tenho me sentido nessas férias.Tudo pelo que batalhei parece não fazer sentido.Parece inútil,distante,triste.A vida parece só futilidade.Mesmo quando o sacrifício para atingir os objetivos foi grande,como foi o meu.Férias.Servem pra deixar o cérebro de molho e aproveitar pra fazer coisas que não daria pra fazer durante o ano.Pelo menos,pra mim é assim.Só que eu tenho problemas com raciocínio lento e meu cérebro entra em estado de inércia muito rápido.Logo que paro de estudar,parece que tudo fica mais difícil.Fica mais difícil para ler e interpretar coisas.Não há motivação para fazer as coisas já que ao voltar pra casa,você vai ser uma pessoa desocupada e idiota.Sinto-me meio sem chão.E tenho medo de voltar a ser o que era.Estou com medo de colocar os meus pouco mais de 20 GB de música no computador,estou com medo de esquecer que a Matemática existe e ser feliz sem ela.Falando assim,parece besteira,mesmo pra mim.Só que são coisas que fazem uma diferença enorme pra mim.Já que não tenho muita coisa pra fazer,as velhas reflexões voltam a minha mente.Devaneios que só me prejudicam e que vão corroendo a minha auto-estima aos poucos.Volto a pensar sobre a intransponibilidade de meus medos e incapacidades.Quando estou no meio do ano escolar,penso nisso mas volto a estudar e fica tudo bem.Agora,penso nisso e vou jogar pra tentar me distrair,mas não dá.Eu preciso de tanta ajuda e ninguém percebe.Eu pareço tão seguro ao agir,ao falar,ao me portar.Eu pareço tão estável e equilibrado.Mas eu gostaria de ter auxílio.Outro problema é que não sei se teria humildade pra receber ajuda,não sei se confiaria em alguém pra me ajudar.Porque acho que as assistências que tive nunca ajudaram muito.Era sempre pior pedir ajuda.A vida é um poço sem fundo.Uma queda infinita rumo ao nada.Só que no topo do poço existem outras pessoas te olhando.E sente-se vergonha de cair de uma vez por todas,de desistir.Eu sei que não teria coragem pra desistir dos meus anseios,não hoje,não agora.Mas o peso deles me afeta.O fato de ser sempre eu quem chama a responsabilidade só aumenta o problema,mas eu não posso sentar e esperar.Eu não tenho amparo.Ninguém faria o que estou fazendo por mim mesmo.Só tentam me puxar pra trás.Eu já tentei socar o tijolo do poço,pra ver do lado de fora,tentar enxergar as coisas de outra maneira.Já consegui,mas eu sempre volto pro mesmo lugar.As paredes sempre se reconstituem e impedem minha visão novamente.

Minha quarta-feira foi legal.Obrigado.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Centésimo post.

Cem posts.Estranho,não?Passou tão rápido.Em nenhum dos cem posts eu tive mais de 5 comentários.As pessoas vêm aqui mas depois param de vir.Existem uns blogs portugueses,inclusive que estão aqui entre os meus blogs favoritos,que têm no mínimo 15 comentários por post.Mesmo assim,geralmente acabam tendo mais de 30 comentários.A que se deve isso?Adolescentes brasileiros não se interessam por temas sérios?RBD é mais interessante que o meu blog?Em Portugal as pessoas lêem mais?Por que isso acontece se o Brasil é absurdamente maior que Portugal?Eu acho que sei a resposta.Acho que muitos sabem.Apesar disso,fico feliz em ter conhecido pessoas novas em blogs e que fazem comentários muito mais relevantes que os de antes.Os comentários atuais,expoem opiniões sobre o que escrevo.Criticam,elogiam,realmente observam o que está se passando em cada texto.Os comentários antigos eram mais ou menos assim:
_"Parabéns!Continue escrevendo."
_"Ótimo blog.Beijos."
E outras coisas mais irrelevantes.Eram como comentários de um fotolog.Era como se o que eu escrevia equivalesse a uma foto.Não uma foto belíssima,na qual você é obrigado a se deter.Mas uma foto qualquer,inválida,igual a inúmeras outras.É bom saber que isso aqui tem se tornado,cada vez mais,um blog.
É verdade que muitos posts são coisas pequenas,reflexões íntimas e frases de efeito.É verdade que postei algumas letras de músicas e a resposta de Joaquim Pedro Andrade à pergunta:"Por que você faz cinema?",que também virou música com a Adriana Calcanhotto.Eu gosto daqui,acho o espaço legal,aconchegante.Não investi no visual dele,é verdade.Não tem layouts fantásticos e templates complexos.Mas é sóbrio,como eu gosto.Porque eu quero que o foco seja o texto.Não quero que venham ao meu blog para elogiar o meu template,como fazem em inúmeros blogs.Quem estiver interessado em ler,ótimo.Quem não estiver,não tem nada mais pra se fazer,observar ou admirar por aqui.É o texto pelo texto.São minhas palavras e ponto.
Eu tenho pensado em parar de escrever aqui,porque a sensibilidade que as minhas próprias palavras me causam,têm me deixado vulnerável.E eu vivo em uma terra,onde não se pode ser vulnerável.No fundo,já não sei se consigo.Já é estranho não escrever aqui.Da mesma maneira,que lancho todo dia,escrevo no blog toda semana.Seria legal publicar esses meus textos em algum lugar,pra ver o que outras pessoas acham.
Por último,não.Não,o centésimo post não tem nada de especial,ainda mais porque eu me impus uma certa falta de criatividade.E o 100 é só um símbolo.
Obrigado aos que passam por aqui freqüentemente,lêem,gostam,comentam.Agradeço também aos que vêm aqui,lêem,não comentam mas gostam,se divertem pelo menos um pouco.
Até mais.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Confusão

Confusão.Não sei o que sentir e o que fazer pra me divertir.Até sei mas ainda estou me acostumando a ficar de férias.Depois de ficar estudando desde Janeiro,só com fins-de-semana,feriados e uma semana de férias pra descansar é tudo muito estranho.O estudo me ocupa,a escola me abriga.Eu me sinto um estranho em casa.Eu não me sinto em paz ou seguro dentro da minha própria casa.Tenho medo de ser agredido verbalmente,eu acho.Tudo pode acontecer,as coisas são totalmente ilógicas por aqui.Só me resta rir.Existem dias em que eu não consigo rir.E aí é ruim.Eu deveria rir mais,muita gente já me disse isso.Talvez se eu tivesse mais liberdade,se viajasse mais,se fizesse mais coisas legais.Mas pensar assim é inútil.Eu imagino que se eu pudesse fazer tudo isso,alguma coisa me incomodaria e eu ficaria reclamando dessas coisas.É simplesmente questão de enxergar as coisas de maneira positiva.Sempre é possível.Só que eu não sou bom nisso.O que é uma pena,pois me atrapalha muito.Antes eu sorria muito.Pra todo mundo.Sempre sorrindo.Mas eu era tão mais triste que hoje.A impressão que dá é de que quanto maior o segredo,maior a máscara.Quanto mais estranho e triste você for,mais se esforçará pra tentar ser comum.No final das contas,isso me parece óbvio.Faz alguns segundos que isso não me parecia óbvio.Às vezes,o fato de escrever ou falar algo tira a magia da coisa.Muitas vezes,você vem no ônibus com uma idéia que parece perfeita,realmente interessante e quando escreve,você murcha.Não era tão bonito ou tão legal quanto parecia.Qual é a diferença,afinal?O campo das idéias dista muito do campo da escrita,quando não se tem prática discursiva.E essa é uma das coisas legais de se escrever mais e mais.Você só melhora,só se sente melhor ao escrever.O que você escreve te traduz muito melhor.Ou,pelo menos,traduz muito melhor o que você estava pensando.Traduzir o nosso íntimo é estranho,porque a gente nem sequer sabe muito bem o que se passa aqui dentro.Isso acontece,porque nós não vivemos o que somos.Nós vivemos o que nos é imposto.E,por isso,o ser humano tem me parecido tão distinto.Pela maneira como uma pessoa age,fala,se expressa,você cria em sua mente o retrato perfeito do que ela é,mas caso você venha a se aprofundar percebe que a pessoa não é aquilo.Por influência da minha mãe,grande julgadora da personalidade alheia,eu sempre julgava as pessoas só olhando,de longe.E,geralmente,esperava coisas maravilhosas das pessoas e elas sempre eram muito menos que aquilo.Sempre fúteis,decepcionantes.E é por isso que eu tenho dificuldades,às vezes,em confiar nas pessoas porque elas sempre me decepcionaram.Distanciavam-se quando eu pensava ser amigo,tinham opiniões egoístas quando eu esperava grandes idéias.Eu tinha escrevido um texto sobre o medo que eu tenho das pessoas,mas eu perdi porque formatei meu computador antigo.É engraçado,eu tenho medo de sair,inúmeras vezes,por não saber bem quem é a pessoa.É estranho falar isso.Muito estranho.As pessoas parecem ameaçadoras a todo o tempo.Vão te deixar inseguro,triste e confuso.Falarão sobre assuntos que não te deixam à vontade e vão te criticar quando menos esperar.Essa é uma versão muito complicada das coisas mas,infelizmente,é assim que eu me sinto.Estou tentando me desligar de mim cada vez mais.Eu já pareço estranho para alguns mas se eu falasse tudo que penso e fizesse tudo que quero,eu seria completamente isolado.Seria jogado num quarto escuro,tachado de doente,débil.Isso é muito triste,muito ruim.Por que viver não é mais fácil?As dificuldades pareciam obstáculos e eu gostava de transpô-los,mas as adversidades já não tem mais graça.As coisas ficam amargas com o tempo.Vão estragando.É isso que há em mim.Confusão.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

The Tourist

Eu acho que há bons motivos para se sorrir.Eu tenho em mãos o ingresso da banda que eu mais amo(ainda existente),passei com uma ótima classificação no concurso que eu queria e o computador que eu tanto queria?Eu estou escrevendo nele agora.Tudo deu certo no final.Quer dizer,quase tudo,mas já está de bom tamanho.Ano passado eu fiz coisas muito menores,tive conquistas muito menores e,ainda sim,eu me sentia melhor.Eu sei os motivos.Sei muito bem os motivos mas,ainda sim,soa estranho.Esse ano fui ao show do Interpol,que foi fantástico,momento único.Até Untitled eles tocaram!Fui no show do Muse que,na minha humilde opinião,faz um dos melhores shows de rock n' roll do planeta,se não o melhor.Acho que é o melhor sim,das bandas mais recentes é o show mais incrementado e com mais detalhes,feitos por uma banda de qualidade.Há músicos que fazem shows grandiosos e péssimas músicas.Juntando com os três fatos citados anteriormente,é demais!É demais mesmo.Eu poderia agradecer a Deus.Até dá vontade,só pra renovar alguma humildade possivelmente perdida,mas não.Eu agradeço a mim.Como agradecer a uma entidade invisível,os resultados do duro trabalho?Duro trabalho que é meu e dos meus pais.Foi Deus que passou um ano inteiro enfurnado em uma sala cheia de homens extremamente animalizados e estúpidos.Foi Deus que trabalhou tanto quanto meu pai trabalha,e teve que ir pra São Paulo há pouco tempo,tendo de ficar longe da família.A impressão que eu tenho é que,agradecer a Deus não é humildade,é humilhação.Extrema humilhação e desvalorização do seu próprio trabalho,empenho e força-de-vontade.Porque não era Deus acordando 5:30 da manhã todo dia,tendo 15 anos de idade.Esse tipo de agradecimento,significa uma subestimação de si mesmo.
O ano chega ao final e eu gostaria de fazer como os outros e esquecer tudo que aconteceu no ano anterior,esperar soluções milagrosas no ano que entra e se jogar.Mas isso não acontece,ainda mais agora,que percebo o quanto é válido ser sincero comigo mesmo e observar os erros passados.Por mais que a enorme maioria da população não concorde,é olhando pra trás que se evolui.É repassando as suas fraquezas que se descobre o quanto é possível melhorar.Deu certo dessa vez.Dessa vez,apesar de quase ter feito tratamento psicológico,não teve nada próximo à depressão,não teve a excessiva decepção com os outros.E isso aconteceu porque eu estava concentrado nas minhas atitudes.É difícil ser coerente com os próprios objetivos,às vezes.Por vezes,a gente escapa um pouco da linha e já é o bastante para o insucesso.O significado de sucesso é relativo,mas no nosso íntimo há algo mais forte que diz outra coisa.Essa busca incessante pelo sucesso,promovida pelo modelo econômico atual me preocupa um pouco,de vez em quando.Mas quando me achar perdido e selvagem em busca desse modelo ideal de sucesso,é simples.Eu pego meu discman(eu ainda gosto de comprar e de ouvir cds,ok?),tiro o Ok Computer da capa e ouço.É só colocar na última música do disco,que eu vou ouvir exatamente o que preciso:
_"Hey man,slow down!Slow down!Idiot,slow down!Slow down.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Despretensão.

Calma!Eu não vou te escravizar,contar seus medos pros outros e rir da sua cara quando virares as costas.Eu não vou escrever histórias sobre vampiros do bem que lutam contra vampiros do mal ou sobre adolescentes com poderes mágicos pra que você se identifique com eles e me dê dinheiro.Eu não vou escrever sobre os temores de um adolescente drogado,não vou fazer romances sobre religiões pagãs e não farei tampouco confissões que uma puta faria.Eu queria escrever e ganhar dinheiro com isso.Acho que seria fácil,caso eu não fosse quem eu sou.Eu sou o que não querem ver e o que ninguém quer ser.Eu sou todas as coisas sobre as quais ninguém quer saber.Eu não sou o motivo nem o porquê.Ainda sim,não me venderia ainda.Talvez um dia eu me venda e tudo mais.Não agora.Agora é tempo de descobrir-me.De refletir.De ver o que passou e planejar o que virá,sem me vender.A excessiva pretensão dá muito dinheiro.A excessiva ingenuidade também dá dinheiro,mas eu sou o meio.Nem um,nem outro,logo fico por aqui.Talvez um dia eu seja grandioso,mas não é o que faz sentido.

As referências literárias do que escrevi aí em cima são bem óbvias.E isso é proposital.Hoje vi o Altas Horas com a Mayra Dias Gomes,filha do dramaturgo Dias Gomes.Vi que ela lançou um romance e fui ver melhor quem era a menina na internet.Com isso,acabei achando trechos do livro dela.Ela teve depressão,usou drogas pesadas e tudo mais e só tem 19 anos.Agora recuperou-se(eu acho)e escreveu um romance que já tem boa divulgação só pelo sobrenome dela.Pelos trechos que li,o livro é péssimo mas é bem adolescente.Tem típicos conflitos,que eu mesmo tive(em escala muito menor,obviamente)e eu até me identifiquei com um dos trechos que li.Não vejo problema em um dos filhos de uma pessoa pública querer seguir o mesmo caminho do pai ou da mãe.Mas a menina nem construiu uma carreira e já tem uma puta divulgação.Tem o caso da Fal Azevedo,escritora de blog.Primeiramente,lançou um livro que ela mesma teve de bancar,que teve uma vendagem mínima.Depois disso,continuou escrevendo despretensiosamente no seu blog e depois de uns 7 ou 8 anos de blog,a editora Rocco chegou até ela e ela conseguiu lançar um romance recentemente.Não vendeu muito mas foi um grande passo.Lembrei também de uma famosa escritora de blog,a Clarah Averbuck,que tem uma certa fama e conseguiu lançar seus livros por uma editora também.Tem até um filme baseado num livro dela.Mas ambas conseguiram isso depois de bastante tempo escrevendo em seus respectivos blogs.Isso sem contar com vários outros escritores,que não são do mundo dos blogs.Aí veio aquela pergunta ingênua:
_Mas cadê a meritocracia?
A resposta claro que foi:
_Utopia,amiguinho,utopia.
De vez em quando,eu me esqueço dessas coisas.Esqueço que se você tem contatos,você tem tudo.Esqueço dos vários ex-BBB,que recebem o título de artistas,sem ter feito porra nenhuma.A indignação é inválida,fútil e infantil.Mas senti vontade de escrever.Acho que esse é o meu problema:escrevo para me agradar.Eu deveria ser mais pretensioso.Eu deveria começar a me vender e a escrever coisas de fácil assimilação,ou fazer músicas pseudo-intelectuais,e começar a ganhar dinheiro em cima dessa gente jovem,bonita e burra,pelo menos seria bem mais rápido e fácil.Eu acho a juventude feia.E todo mundo quer ser jovem hoje.Quer dizer,só os adolescentes querem parecer mais maduros para impressionar uns e outros.Os mais velhos enchem-se de produtos de beleza,não para ter saúde de fato,mas para mascarar sua idade aos olhos alheios.Os mais novos,usam roupas adultas e falam só coisas convenientes pra que pareçam mais maduros.Não funciona pros jovens,eu acho,mas pros mais velhos tem funcionado.Novamente eu desviei meu texto de onde ele começou.Mas é isso,venda-se e ganhe mais.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Nice Dream.

Eu gostaria de ter um,um dia desses.Nem sequer me lembro qual foi a última vez que sonhei.Eu parei de sonhar.Isso quase tem um duplo sentido.Porque parei de sonhar toda a noite,como acontecia na minha infância e meus sonhos e ambições em vida são cada vez mais pé-no-chão.Claro que com muitos sonhos,havia muitos pesadelos também.Pesadelos repitidos.Nos dois sentidos.Em várias noites,sonhei estar caindo ou me perdendo dos meus pais no meio de lugares feios,sujos e com pessoas não-confiáveis.E,na vida real,acho que meu maior medo era o de me perder dos meus pais também e o de sofrer algum acidente e ficar paráplégico ou tetraplégico.Deve ser porque a maneira como enxergo as coisas já dificulta demais minha vida.E ficar deficiente seria demais pra mim.Seria muito perigoso deixar-me perto de facas ou qualquer tipo de arma,haveria sério risco de suicídio.
Amanhã começa a venda oficial dos ingressos pro show do Radiohead!Viva La Vida(que engraçado,hein?)!
Um conto engraçado também:

Ela gostava das flores.Quais flores?Todas.Gostava de todas as flores que encontrasse pela frente.E assim ela viveu até se tornar adulta.Já com seus 30 anos,ela acordou,trocou de roupa,tomou seu café-da-manhã,escovou os dentes e foi para o jardim de sua casa,como era de costume.Só que dessa vez,ela nada sentiu.Todo o carinho que tinha pelas carmélias,bromélias e rosas havia se extinguido.Para sempre.Assustada com sua nova falta de sensibilidade,foi ao espelho de seu banheiro e viu que ainda era a mesma por fora.Só não gostava mais de flores.Ela ficou triste,pela primeira vez,por não ter constituído família.Não tinha filhos,criava lindas rosas brancas.Não tinha marido,mas tinha lindas margaridas tomando todo o canteiro.Tentando imaginar a causa,foi para a arejada e bonita varanda de sua casa.Então,começou a refletir.Refletir,refletir e refletir incessantemente,a fim de descobrir o destino de sua ex-sensibilidade,de seu ex-carinho e de seu ex-amor pelas flores.Depois de duas horas,descobriu.Agora sua paixão era o mar.A praia,ah,a praia.A linda praia.A tranqüilidade que as ondas trazem e levam.A segurança quando se pisa na areia,o medo da água gelada.Tudo isso vinha-lhe à mente agora.Foi correndo para a sala,onde estava o jornal e procurou desesperadamente pelos Classificados.Lá encontrou uma casa na praia de que mais gostava,que não ficava muito longe de sua casa.Ligou para o número descrito ali.Ninguém atendia.O nervosismo só aumentava.Não havia tempo para se perder.Ela logo teria de ir pro trabalho e não conseguiria concentrar-se nas suas tarefas,caso não comprasse a casa.Ligou de novo,nada.Foi à cozinha,bebeu água.Passou a roupa do serviço,para adiantar.Ligou de novo e eis que uma voz infantil atende.Ela pergunta:
_Este é o telefone da casa dos classificados?
E,de repente,ouve a menina do telefone gritar:"Mãe,mãe...".Em pouco tempo,a mãe da criança chega ao telefone e pergunta quem é.Ela responde e repete a pergunta.A mulher do outro lado da linha diz que sim.Aquele era o número da casa dos Classificados.Elas decidem por telefone mesmo,a forma de pagamento e outros detalhes.Por ser grande e na beira da praia,o valor era alto e a mulher teve que tirar dinheiro do Fundo de Garantia.Ela não se importava.Depois que voltou do trabalho acertou tudo com o pessoal que trabalhava fazendo mudança.Na semana seguinte,olhou com um pouco de tristeza e nostalgia para suas pequenas e ex-queridas flores e foi embora.Não tinha mais volta,não que ela se arrependesse.Mas a impulsividade era algo que a incomodava.Dez anos depois de ter se mudado pra casa de praia,ela passou a ter uma nova paixão a cada 10 anos.Hoje ela tem 70 anos e um dia desses eu a vi aqui perto de casa.Dizem que uma das últimas paixões dela foi Moscou e ela teve que morar por 10 anos em Moscou.Pessoa engraçada,não?