sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Pra Aquietar

A gente brigou, é verdade. Não sei quem começou a briga, sinceramente. Importa quem deu o primeiro soco ou chute ou o que quer que seja?! Acho que não. O fato é que a prosa já não me quer e eu já não quero a prosa. Quer dizer, querer eu quero, só falta a sutileza de saber chegar, de saber o que falar no ouvido e de quando roubar um beijo. Os versos também não são apegados a mim. Quando penso ser poesia, a poesia vai (embora, é claro). Quando tenho certeza de que já foi pra não voltar, cá está. E assim vai. Não gosto de escrever coisas longas também, que eu me perco nas minhas próprias avenidas, muitas vezes sem saída. Tenho a impressão de que quando passo da 10ª linha fico autobiográfico demais, até pra mim mesmo. É como se a cadeira que fica em frente ao computador fosse o divã e aí fica tudo muito triste, carregado, feio. Feio mesmo, fica tão íntimo que dá vergonha. E muita exposição nunca é legal, né?! (Apesar de ser o hobby de muita gente ultimamente). Foi? Foi.

sábado, 18 de dezembro de 2010

saudade de mim

eu sinto
que a melhor forma
de me fazer presente
é não estando presente.


ps.: pros amigos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

o fim

o fim
está bem próximo
e isso é bom.
porém
esqueci de me lembrar
que até o fim
tem começo meio
e fim.
e até o fim
do fim, será,
enfim,
um sofrimento
sem fim.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

azedume

Quando todo passo dado
mesmo que pequeno
é um salto
em direção à escuridão
é hora de se recolher.
Desistir da luta vã
que carrega
e impregna esse cheiro
de tédio e dor.
Sobre a apatia
que abate
meus olhos e o estresse
que dilacera meus nervos,
pode parecer exagero,
mas juro que nunca
nunca vi igual.
Eu quero paz,
que esse caminho trilhado
é um poço de merda
em direção a lugar nenhum.

Porra.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ciao, mondo!

"E sobre que alicerces construímos nossas vidas?", ele dizia durante um discurso político para quase 70 pessoas. "Parece que já não há mais como construir uma vida bem planejada e estruturada nesse país, pois cada um de nós tem a CERTEZA de que somos apenas dados manipulados nesse joguinho PODRE dos poderosos", e a plateia crescia..."Como o pai pobre vai dizer para o seu filho que ele vai ter um futuro se nem o próprio pai tem a garantia do emprego no próximo dia, semana ou mês...Chegou a hora de dizer basta!", desceu do palanque, suado e com as mãos trêmulas devido ao enérgico discurso que tinha feito. Ele sabia com quem estava comprando briga e que as, aproximadamente, 300 pessoas que estavam presentes ao final do discurso nunca mais esqueceriam o que tinham escutado. Mas ele não se importava em comprar a briga com os poderosos, com os ricos, com os latifundiários e empresários do país, ele realmente queria mudar a nação e extirpar toda a sujeira e corrupção que havia nos bastidores de quem detinha controle da máquina pública. Ele vai salvar a nação!
Na verdade, estava muito enganado. As 300 pessoas presentes naquele dia (além de, provavelmente terem esquecido do que ouviram no discurso) não significavam nada diante dos milhões de espectadores da extensa propaganda política dos partidos mais poderosos e o seu partido, a princípio, totalmente de esquerda, ficava cada vez mais "de direita" pra conquistar mais espaço e ter mais chance de vitória mas, ainda assim, ele não tinha sequer 40 segundos pra falar no horário político.
Passaram-se cerca de 20 anos e ele, já careca e barrigudo, tinha outro discurso, aquele desiludido que prega que não há como fazer política no país sem sujar as mãos e se misturar às laranjas podres (que, para ele, ocupavam 99% do governo). Mudou de partido, mudou de foco de luta, mudou de terno, ganhou mais tempo, foi eleito prefeito de uma das principais metrópoles do país. E, chegando no poder, não lhe saía da cabeça a ideia de mandar todas as coligações à puta que pariu e fazer projetos de alto investimento com cunho social. Mas lembrava que sem as coligações nada se movimentava. Mas lembrava que, mesmo eleito, ele era uma marionete dos líderes do seu partido e dos partidos "amigos". Toda vez que lembrava da sua falta de poder, mesmo tendo um cargo político importantíssimo, ficava com extrema raiva, o que começou a prejudicar sua vida pública.
Seus ataques de fúria eram constantes, com os olhos vermelhos mergulhados no uísque importado, xingava a mulher, as filhas e até colegas de partido. A mulher pediu divórcio e, das duas filhas, uma se afastou completamente dele. Tudo isso só piorava a imagem que a população e outros políticos tinham dele. Ele já não conseguia sair na rua, devido aos ataques de fúria, só que dessa vez, advindos da população indignada com o ex-militante de esquerda (visto com ótimos olhos por todos, uma personalidade íntegra, como raramente se vê na política) que havia se tornado mais um. "Você é só mais um, seu cretino, é igual a eles"..."Filha da puta, cadê a cesta básica que você prometeu na campanha, meus filhos estão quase morrendo de fome"..."E eu achava que você era diferente...ladrão!"...e as frases ecoavam em sua mente, não paravam de vir, uma após a outra, como socos bem dados na costela ou na boca do estômago que costumava receber dos colegas de turma em sua adolescência. Até sua adolescência de exclusão social e extrema timidez voltavam à sua mente agora, nada mais importava para ele.
Para fechar sua vida com chave de ouro e deixar bem claro pra si próprio como havia se tornado covarde, impotente, burro, estúpido...pegou o revólver que tinha na gaveta de sua escrivaninha e deu dois tiros na cabeça (foi o que deu tempo, se pudesse atiraria até acabar com as balas, mesmo que isso não fizesse o menor sentido), o sangue jorrava farto de seu ex-cérebro enquanto seu corpo vazio de humanidade ia ao chão. Apesar de seu suicídio ter sido considerado um ato de quem não conseguiu conviver com a própria culpa de ter se deixado levar (algo nobre e heróico como tentam fazer na mídia com todo mundo que já morreu), nunca se perdoou de onde quer que sua consciência esteja gritando.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Resposta

...e ela encheu a casa de flores
como que para preencher
o vazio que há dentro de si
e o espaço da casa que é tão grande
e tem tão pouca gente.

Queria eu ter
um caminhão de flores
pra preencher os espaços vazios
nos dias tristes de chuva.


(Para Luiz Capucho e Cássia Eller?)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A Day In The Life (of Roberto)

Em sua mente as ideias não se encaixavam mais umas nas outras, não conseguia separar a realidade do sonho e esse constante torpor o deixava extremamente irritado. E foi nesse momento de noites mal dormidas, de trabalhos e resenhas diários e de muita correria, que Roberto começara a fumar. E não fumava pouco. Suas roupas fediam a cigarro, seus dentes estavam amarelados e, em seus (raros) sonhos, estava sempre fumando. Num final-de-semana em que seus amigos iam se reunir para ir a um show, Roberto achou que era melhor ficar em casa para terminar o artigo sobre Jovens Viciados que pretendia publicar no jornal da universidade. Mas ao ver que estava ficando estressado demais, resolveu ir encontrar com os amigos no tal do show, que foi uma boa merda, mas as conversas...como eles tinham assunto e como era divertido estar ali, mas ao pegar o seu cigarro, um amigo disse "Vai parar de fumar, não, cara?" e ele, que odiava quando alguém se intrometia nesse assunto, respondeu "Acabei de pegar o cigarro e é o meu primeiro da noite!","O primeiro de muitos que virão..." retrucou um outro amigo e ele já puto "Então, vão pro caralho, vocês! E eu não tenho direito de ter meus vícios? Tanta gente matando, estuprando, roubando por aí e vocês vêm reclamar do meu cigarrinho que é a única merda que me dá prazer nessa minha rotina filha-da-puta?! Tomar no cu, vocês!" E saiu meio tonto meio puto meio arrependido meio triste meio quase chorando meio em prantos às 2 da manhã no meio da Lapa. E desesperado, em lágrimas que já não paravam de vir, pensou "E eu ainda afasto quem se preocupa comigo...". Foi pra um bar próximo, era onde ele sempre ia. Não tinha Heineken, nem muito menos Stella (como sempre) mas ele gostava do dono do bar que, fosse qual fosse a hora, sempre era solicito e sorridente. E já recuperado do choro, falou ao cara atrás do balcão "Vê uma gelada aí, cara." E o dono do bar ao revê-lo depois de tanto tempo, perguntou "Por onde você andou? Se perdeu por essas ruas do Rio de Janeiro?" E ele, meio sem graça respondeu "Acho que perdi pelas esquinas da vida" Num tom de descontração, o dono do bar disse "Todo mundo se perde por essas esquinas uma vez ou outra, mas sempre tem um táxi pra levar a gente pra casa." "Acho que a metáfora do táxi não foi muito boa, não." E começaram a gargalhar às 2h30 da manhã. Depois da 3ª latinha, ele resolveu ir embora, mas lembrou que ia rachar o táxi com os amigos e ficou puto, porque ele fica muito sem graça quando tem que se desculpar logo após ter feito uma merda, mas não tinha jeito, a grana tava curta. Ligou para os 3 amigos, que não atendiam "Puta que pariu, cadê esses caras?!" E por volta da 8ª ligação que fazia, um deles atendeu, não ouvindo muito bem, mas de alguma forma, ele conseguiu se desculpar rapidamente pelo acontecido e ainda marcar de se encontrar em frente ao bar. Começava a fazer frio e estar sozinho ali já não parecia seguro e pra esquecer tudo isso..."Aí, amigão, me vê uma dose de Red Label pra esquentar." A grana que estava curta, encurtou mais ainda, mas o frio e o medo passaram. Seus amigos chegaram e ele meio bêbado meio tonto meio dizendo que ama todo mundo meio se desculpando cheio de emoção foi pra casa feliz com as pazes feitas. E mesmo sem conseguir pensar, pensou "Porra, eu amo meus amigos".



OBS.: Não pensei no título e não pensei direito enquanto escrevia o texto (cansado demais pra isso), mas deu saudade da prosa e...não foi um retorno triunfal (mesmo porque nunca tive triunfo algum) mas foi bom pra mim, tomara que seja pra mais alguém.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

quando meu pai viaja

todas as luzes da casa acesas
e a mala de viagem aberta
pronta pra receber mais
mais roupas, toalha, estojo
com lapiseira Pentel
e canetas BIC.

o clima de tensão
leve estresse criado
pela hora da partida
e a pressa em saber
que se deve acordar cedo
no dia seguinte.

as luzes acesas
são barulhentas (deve ser a tv ligada)
e tiram a pouca paz
que resta nesta casa.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Falta de coesão

...falta tempo pra pensar em querer escrever. E mesmo quando há vontade de escrever, as palavras não vêm, a inspiração vai à merda.

Esse estilo de vida babaca que eu levo, esmaga qualquer possibilidade artística que queira brotar de mim. É muita coisa pra se resolver, muitos trabalhos, muitas preocupações, numa época em que eu devia estar me preocupando com coisas mais simples, me interessando por coisas mais fúteis, tendo tempo e criatividade pra fazer pequenos belos planos. Não digo que nunca pensei em ligar o foda-se e viver minha vida sem me preocupar com o futuro (penso nisso quase sempre, na verdade) mas sou covarde pra assumir que eu não aguento toda essa pressão e que quando ela acabar, todo esse sacrifício não vai ter sido válido de forma alguma, pois depois de tanto tempo de sofrimentos e decepções, você só sabe buscar a alegria em coisas difíceis, complexas e nada mais dá certo.

Otimista como sempre e feliz como nunca, trilho um caminho tortuoso para chegar a lugar algum. É fuga de mim mesmo sem saber por quê. Vem a vontade de gritar e falta fôlego. Boas novas do fundo de minhas trevas: vou morrer sem saber quem sou (graças a mim mesmo). Obrigado.

domingo, 15 de agosto de 2010

agradecimento

quando você
estiver na merda
lembre-se que todo bem
que você faz
será devolvido com chutes
e pontapés bem dados
na boca do seu estômago

e então
você vai perceber que o poço
não tem fundo
e que a queda
é lenta.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ashtray Heart

a ponta de cigarro jogada no chão
reflete o cinzeiro de que fiz meu coração
dói construir uma vida em cima de ilusão
mas é de sofrimento em sofrimento
de derrota em derrota
que minha vida ganha emoção
já não quero ganhar e não sou forte
pra saber perder
mas eu sempre perco
e isso já não me incomoda
NEM UM POUCO.

domingo, 4 de julho de 2010

no carrossel

hoje tá tudo mais bonito o céu tá azul e as árvores com folhinhas verdes muito bonitinhas as fotos no tumblr estão mais legais as mulheres na rua mais sensuais a poeira do meu quarto tá poética e meu grito não enrouquece que é dia de festa porra alegria amor alegria fe-li-ci-da-de é tudo muito bom eu amo a minha vida e tudo que me cerca até a meia noite porque amanhã tudo vai ser triste sombrio e eu nem quero ver na merda que vai dar ser quem eu sou é uma merda mesmo tudo sempre volta ao normal o eterno retorno.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

falta

saber que a sua distância é o que me inspira e lembrar que te deixei escapar frente a meus olhos, por entre os meus dedos me deixa na boca um gosto de...caqui com cica. não é um gosto ruim, mas incomoda. eu te quero de volta em todos os dias da minha vida, eu sempre penso em você, mas como vou ter inspiração para escrever, para compor, para ser artista? eu preciso da minha arte mais do que preciso de você. a minha arte me sustenta e você me desmorona, me deixa frágil, bobo e ingênuo. eu já sei agora: eu preciso da sua distância, da sua falta e não de você. eu te amo, eu te adoro, eu te amo, eu gosto tanto do seu cheiro, do seu jeito e das coisas que você gosta. eu amo os livros que você me apresentou, os filmes que a gente assistia, tudo com você era lindo, mas não é de felicidade que se faz poesia, meu ganha pão é manter você longe de mim.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

fuga de cérebro

saber que meus instintos
falam baixo, em sussurro
e que a minha
exagerada racionalidade
grita, faz rebeliões e agride verbalmente
me faz ver o porquê
de tanto enclausuramento
eu não sou má pessoa
não machuco ninguém
às vezes sou até legal
a minha prisão é a minha mente.
espero ser um fugitivo em breve...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Jimmy Bolha

O blog ainda não acabou. O problema é que este blog pertence agora a alguém que não escreve mais ou, pelo menos, só o faz raramente.
É provável que um dia eu volte a escrever mas até terminar o Ensino Médio talvez não dê. Eu preciso de inspiração, motivação pra escrever e tudo à minha volta só me sufoca, então eu opto por criar uma realidade própria e esquecer do que está do lado de fora. Com isso, eu não tenho com o que me inspirar, pois só sei enxergar o que está do lado de dentro da bolha que criei.



segunda-feira, 31 de maio de 2010

Post de blog

eu não tenho mais motivos pra escrever. não há nada pra se falar ultimamente. na verdade, se eu pudesse, eu pararia de falar com as pessoas que vejo todos os dias. eu sinto falta de conversar com as pessoas que realmente importam sobre coisas que realmente me interessam. e eu também me perco um pouco, pois já nem sei tão bem o que realmente me interessa. tá tudo muito turvo, confuso, feio. eu passo a semana querendo o fim-de-semana, e quando ele chega, passa tão rápido que não faço nada do que queria.
acho que falar sobre felicidade, afasta a felicidade, se é que ela existe, mas eu já fui feliz e sabia muito bem disso, só que não consigo mais trazê-la pra perto. não consigo mais trazer meus amigos pra perto, todo mundo mora longe, estuda longe, tem horários diferentes, nem sempre tem grana pra sair, às vezes fica muito tarde, às vezes é muito cedo e assim o tempo passa. passam dias, semanas, meses e passou o ano passado inteiro assim. sem que eu mesmo soubesse, eu me prometi que em 2010 seria diferente. e está sendo, só que não necessariamente melhor.
ah, eu nem tenho o que dizer, minha mente tá cansada e eu só penso em dormir.
se eu soubesse que a vida era assim, não tinha vindo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

too blue to be true

pras pessoas
que realmente vivem,
a minha vida é um mero ensaio.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Bittersweet

Ele saiu de casa com um destino bem claro, o trabalho. No meio do caminho encontrou com um velho amigo, bateu um papo de 5 minutos e marcaram um futebol pro final-de-semana. Depois, no metrô, viu de relance uma ex-namorada que o traiu com seu amigo. E foi só nesse momento que ele lembrou o porquê daquele amigo que ele havia encontrado, ser um "velho amigo", ele realmente tinha esquecido disso. Não pode. Homem não esquece dessas coisas. Homem não pode ser corno, homem só pode chifrar. Homem pode comer todo mundo mas não pode ser traído uma vez que seja. Isso é ser homem. Pra ser homem de verdade, perceba, é preciso ter uma antena rastreadora. É preciso ter um radar, pra que, quando você tem uma namorada, você possa perceber, sentir, farejar uma possível traição. Caso essa possível traição seja notada, verificada, o próximo passo é ou ameaçar a namorada ou meter a porrada no cara. Mas não, o nosso personagem não era assim, ele até pensava assim, só que não fazia. Em toda situação de conflito, ele recuava mais e mais, até se tornar um mero espectador do caos.

Depois de perceber que aquele "amigo" foi o filho da puta que comeu sua ex-namorada, ele foi pro trabalho, mas não trabalhou. Ficou o dia inteiro com uma ideia fixa: VINGANÇA. Ele lembrava do futebol no sábado, podia armar uma desculpa pra dormir na casa do tal amigo. E aí? Jogar soda cáustica no pau do cara enquanto ele dormia? Esperar o cara dormir e dar uma porrada nele com uma cadeira, uma...sei lá, uma qualquer coisa? Ou...o cara tem namorada,né? Pronto. Plano 3 escolhido.

"O plano já está construído, hoje é sexta-feira, logo, amanhã é sábado, é claro. Amanhã vai fazer sol, diz a previsão. Ótimo para um futebolzinho com os amigos. Um futebol entre bons amigos, que não se veem há bastante tempo mas que ainda mantém certa sinceridade e sentimento fraternal um pelo outro. Amanhã vai ser um belo dia, eu já entrei em contato com a namorada dele pelo orkut. E ela disse que vai no jogo. É só esperar um momento em que fiquemos a sós. Afinal, eles estão juntos há 2 meses. O que são dois meses se eu, por exemplo, fui traído por aquela cachorra com 1 ano de namoro?

Hoje é sábado de manhã (hahahahahaha). Sinto um gosto agridoce na minha boca (caralho, tenho que comprar a camisinha), acho que é o gosto da vingança chegando chegando chegando chegando chegando..."

OBS.: Eu tava vendo um filme, às 7 da manhã, aí parei de assistir, afinal eu tinha que estudar pros dois testes do dia, e escrevi isso. Achei estranho.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

escapismo já.

eu passo os dias numa vertigem enorme, não sinto as coisas, não presto atenção nas músicas que escuto, não entendo as aulas que assisto, não gosto das pessoas que me sorriem, não vejo nada de bonito e não percebo nada de novo. nesse momento de dispersão louca em que me encontro, é tudo fugaz, passa assim (zuuuum), rapidinho, como um foguete sendo lançado, como um beijo roubado, como aquele gol feito sob impedimento, que a zaga toda parou pra reclamar e nem viu o atacante entrando. e o que me dá prazer nessa rotina e faz com que eu continue? nada (pra primeira pergunta) e inércia (pra segunda pergunta, é claro). é o não saber como mudar. eu quero mudar, mas pra onde, pra que estado, pra que frequência, pra qual outra situação? eu me vejo no mesmo estágio dos sex pistols. eu proponho uma destruição do que existe, só não tenho uma solução. eu queria ser um balão e poder "voar, voar, subir, subir" e sumir, ir pra bem longe. já pensei em Londres...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

"desperation takes hold"

Como um passageiro

dum ônibus sinistro

que vaga sem direção

para nunca chegar

eu estou atento e perdido

e sou como árvore

que vê as folhas caindo

sem sequer poder catar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Vamos lá, o blog não acabou. O que acontece é que eu não tenho sobre o que escrever. Não há nada de bonito na minha realidade cotidiana, eu só tenho sentido tristeza e uma imensa sensação de desamparo. A tristeza funciona muitíssimo bem como fonte de inspiração, mas acho que não funciona quando ela deriva de um vazio extremo. Eu não tenho lido (nada que eu goste, pelo menos), eu não tenho conseguido me concentrar, não tenho visto filmes, não tenho me divertido e fico cada vez mais desolado, então é possível que o blog fique parado por mais um tempo (ou não, já que eu sou uma metamorfose ambulante). Eu espero que as coisas melhorem, eu ficaria muito contente se isso acontecesse, o problema é que eu teria que ser o agente dessa mudança e sei que não sou apto para a tarefa (como tenho visto durante toda a minha vida). Eu REALMENTE preciso de ajuda externa, de profissionais, ou melhor, um analista ou psicológo. O problema é que a minha escola é tão bem planejada e tão preocupada com seus alunos que eu não tenho tempo nem pra ir ao dentista ( que quero ir há bastante tempo e não consigo) ou qualquer outro médico, sem que eu perca aula, o que é ruim já que não é uma escola exatamente fácil. Além disso, tem esse tabu do psicólogo aqui em casa, mas não vou voltar a esse assunto. Resumindo, até que algum fator externo intervenha de maneira a agregar algo positivo, estou fadado à merda (por sinal, recebi uma prova hoje, na qual tirei 4.1, que deve ser minha pior nota na escola).
Obrigado pela atenção e desculpe qualquer coisa aí.

Ah, só pra não dizer que não postei nenhum texto:


Espasmo

fiquei calado perplexo

o espasmo frente à quietude

me surpreendeu como nada antes

havia feito

eu sempre tão expressivo

expansivo e efusivo

comecei a enxergar meu coração

frágil e vulgar e mergulhei sozinho

no profundo de minhas dores

na chama de minhas paixões inúteis

e quedei-me paralisado

eu queria saber reagir

quando me vejo no espelho.



sábado, 27 de março de 2010

quando ela for embora

quando ela for embora,

as marcas de dedo no monitor

vão me fazer lembrar.

as músicas pops e o chiclete de canela

vão me fazer lembrar.

o protetor solar filtro 30 que ficou

na prateleira de cima

vai me fazer lembrar.

a carta 4 vermelha com a pontinha amassada

do UNO

vai me fazer lembrar.

as próximas 2 horas de camisa molhada

de lágrimas

vão me fazer lembrar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Continho

"Eu nunca dirigi uma carroça, moço". Mas, mesmo assim, não tinha jeito. O que havia ali era uma donzela ferida no meio da plantação de cana precisando ser levado ao Posto Médico e seu pai, o moço a que me referi, não tinha coordenação motora pra controlar qualquer coisa. E a gente ficou ali numa troca de olhares e a pressão sobre mim aumentando, o sangue da moça escorrendo e eu não sabia controlar a tal da carroça. Eu sempre soube que isso de passar as férias no interior não daria certo.

E nada funcionava naquele lugar. Não havia celular pra ligar pra uma ambulância vir buscá-la (por mais que demorasse, seria mais rápido que eu dirigindo uma carroça) e o poste telefônico tombara há duas semanas e ninguém foi fazer a manutenção. E o velho olhava pra mim, até que gritou "Ah, seu imbecil, minha filha tá morrendo,tá perdendo sangue" e foi aí que, não sei como,meu espírito de herói falou mais alto e como se fosse a coisa mais fácil do mundo, subi na carroça e fui, controlando sem nenhuma dificuldade. O Posto Médico ficava a 30 km dali. Eu estava indo o mais rápido que podia, dando o meu melhor para salvar a pobre moça, que havia cortado sua perna com o facão que usava para remover a cana. E eu sentia como se não fosse eu ali, a velocidade dos cavalos refletia-se nas batidas incessantes e ferozes de meu coração, era como se eu e aqueles cavalos e aquela carroça fôssemos um só, tudo em perfeita harmonia.

4 Km, 6 Km, 9 Km, 13 Km, 16 Km, 17 Km,parei. Eu já não conseguia saber qual era o caminho e perguntei à moça, que era moradora da região, portanto boa conhecedora do local mas ela já estava inconsciente fazia tempo e só soltava uns grunhidos de dor e aparente confusão mental. Era o fim, pra ela. Mas não, o herói não pode desistir da mocinha assim, e retomei nas minhas mãos as rédeas da carroça e fui.

16 Km,15 Km,parei. Eu acabara de perceber que já havia passado por ali e não havia ninguém que pudesse me dizer por onde ir e o suor escorria em largas doses, como numa avalanche, enchente em túnel, essas coisas e eu comecei a chorar em desespero. "Porra, por que eu tenho que ser respnsável pela morte dela?! Como?! Por que eu, seu Deus ingrato, filho-da-puta?!" E caía a chorar desesperadamente, ela provavelmente já estaria morta a esssa hora, pela quantidade de sangue que havia perdido. Eu estava enlouquecendo...e aquele sol, aquelas MOSCAS! Moscas demoníacas, satânicas, desgraçadas, começavam a circular em volta da enorme ferida da mulher. "Por que não fizemos um curativo rápido?" pensei, mas aí lembrei que a casa ficava a uma enorme distância, seria mais tempo perdido, caso tentássemos. E eu via o tecido morto se formando na região machucada e as moscas e o calor e o suor e o desespero e a loucura.

Pocotó, pocotó, pocotó, pocotó, saí com a carroça em qualquer direção e com toda a velocidade possível, eis que chega uma hora em que eu retomo a consciência e lembro, subitamente, que eu não sei dirigir carroça e que eu nem sequer conhecia aquela moça ou o pai dela. Como eu havia ido parar ali? Que férias foram essas que eu tirei?

Então, desci da carroça, observando a moça, que até era bonita, se não fossem as expressões sofridas de quem trabalha na lavoura. E aí saí correndo o mais rápido possível, com os olhos fechados, imaginando que em algum momento fosse aparecer uma árvore pra que eu batesse e ficasse inconsciente. Era o melhor a se fazer, sem dúvida. Corre, corre, corre, corre, corre, corre, pernas doem, falta-de-ar,parei. E ao parar, comecei a ouvir o barulho de água, como se fosse uma cachoeira imensa. E vou correndo em direção ao barulho da água, correndo incessantemente e ouço a água se aproximando, se aproximando, ficando bem próxima, bem próxima, até que acho a cachoeira gigante e ainda nauseado da corrida, fico fascinado em estar na foz de uma enorme cachoeira, onde havia um despenhadeiro.

Eu lembro que sentia muita sede, muita sede e fui correndo como louco em direção à agua e mesmo pegando-a em minhas mãos, elas continuavam secas e intactas. Secas, intactas, secas, intactas, secas. E um ódio dum animal ferocíssimo me sobe o corpo, o calor absurdo me corroendo os sentidos e a razão e eis que grito "AAAAAAAAAAAAAAAAAA" e saio correndo em direção ao penhasco e correndo e correndo e me aproximando...

E então pulo! "AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA", caindo, meus braços girando freneticamente, vou morrer, amém, era tudo o que eu precisava, finalmente a paz.

Aí vejo meus pais me segurando, um de cada lado, gritando:
_Filho, filho, acorda, é só um pesadelo, é só um pesadelo!

E eu, molhado de suor, me percebo em casa, seguro, em minha cama, com meus pijamas ainda infantis. Abraço meus pais e choro de alegria, agradecendo a eles por estar ali, vivo, são e salvo.

Quando eu tive esse sonho, eu tinha 14 anos. A parte em que agradeci por estar vivo era verdade, só que nunca mais fui são e nunca mais estive a salvo de ter terríveis pesadelos. De tantos pesadelos que tenho, eles quase já fazem parte da minha realidade. Eu nunca mais fui o mesmo...nunca mais.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

_az_o

eu sou como uma folha em branco

pronta para ser usada

recheada de tinta e conteúdo

só que não há nada que me preencha

não há literatura de qualidade

filmes do Truffaut ou álbuns do Radiohead

que me preencham

o vazio se instaurou em mim

há uns dias atrás e parece

que veio pra ficar.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pai

Um dia,

alguém me contou

que a felicidade é algo

que se constrói aos poucos,

com leveza,humildade e,

principalmente, paciência.

Esse foi um dos dias

mais tristes que já vivi.

Eu, extremamente ansioso,

orgulhoso e arrogante,

nunca vou ser feliz.

Mas foi nesse mesmo instante

que entendi por que o meu pai

está sempre sorrindo.

OBS.: Às vezes, é como se eu tivesse 7 anos de idade.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Haicai agonizante.

a vida é uma estrada,
aparentemente infinita,
que termina sem chegar ao fim.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Luísa e o uísque

Eu tinha acabado de voltar da festa de aniversário de 3 anos do meu filho e,só agora,distante daquela multidão de gente,eu sentia vontade de comemorar.Estavam lá em casa uma grande amiga minha (da qual minha esposa morria de ciúme e não sem motivo,devo acrescentar),minha esposa,eu (obviamente) e meu querido filho.A Luísa,minha amiga,teve que dormir lá em casa,pois estava chovendo muito e seria complicado pra ela voltar sozinha pra casa,já que morava bem longe do salão de festas onde aconteceu o aniversário.Enquanto eu propunha um brinde a sei lá o quê,eu percebia os olhos cintilantes e gigantes do meu filho,que parecia olhar pra mim agradecendo pela festa.Depois de pegar dois copos do uísque que eu vinha guardando há tempos (um para mim e outro para a Luísa),peguei meu filho no colo e perguntei:
_E aí,meninão,gostou?
_Siiiiiim!
Entendam,não foi um sim qualquer.Foi o SIM mais lindo do mundo e,além disso,ele raramente diz sim.Geralmente é um "aham" ou um gesto positivo com a cabeça.Mas dessa vez foi um "Siiiiiim!" e eu desmanchei ali mesmo,larguei o copo de lado e comecei a abraçá-lo e beijá-lo e fazer cócegas nele.E a Luísa assistindo a tudo aquilo.O que mais me impressionava nela era o fato de ela ter vivido ao meu lado nos melhores e piores momentos.Quando eu me formei na faculdade,ela tava lá,mas quando eu tava de porre e não conseguia levantar do chão era ela quem me ajudava a levantar e tomar banho.Puta amiga,que eu fui arranjar.Ela me fazia o carinho que nenhuma namorada soube fazer e me olhava de um jeito,às vezes,que só minha mãe faria.Sim,eu era apaixonado por ela e nunca soube demonstrar.Às vezes,a minha esposa percebia a minha admiração,os olhos brilhando quando falava na Luísa e já fechava a cara.Bem compreensível,imagino.E quando meu filho se cansou de mim,desceu do colo e foi pro quarto descobrir e admirar seus brinquedos.Ficamos a sós na sala,enquanto minha mulher tomava banho e preparava algo pro guri tomar antes de dormir.
_Ele tá lindo,hein,paizão?
_Fácil,não?Com um pai desses e uma mãe linda como ele tem... hahahaha (e com isso,peguei o copo de uísque novamente)
_Hahahaha,que incrível,cara.Eu queria ser mãe mas...não consigo ficar com os caras que eu gosto por mais de 3 meses...é absurdo,não sei o porquê!
_Talvez você esteja querendo os caras errados.Sinceramente,eu te admiro pelo seu bom gosto em tudo,menos pra homem.
_Claro,você é um!
_Não,não é isso!Os caras parecem nunca ter a ver com você.Por que você não escolhe alguém que pareça ser companheiro,amigo,confiável?
E então,bebendo mais um gole de uísque e olhando rapidamente pra cozinha,ela falou em um tom mais baixo:
_Amor,esse cara é você,né?
Eu gelei.E eu nunca fico assim.A última vez que eu fiquei assim foi pra pedir a mão da minha mulher em casamento.O que eu faço agora?
_Não,existem outros caras legais aí fora.
_Claro que sim,mas não tão leais e confiáveis quanto você.Mas isso não vem ao caso agora...Nossa,como esse uísque é bom!É 12 anos?
E eu,ainda meio estático:
_Não sei,é um Jack Daniel's.
E desde então se passaram três dias e eu não consigo tirar a nossa conversa da cabeça...Merda!