sábado, 28 de novembro de 2009

eu quero.

começo a me irritar
com os cheiros que ficam
impregnados em mim.

por todo lugar que passo,
de todo mundo que eu vejo,
eu guardo alguma coisa.

é o ápice da empatia,imagino.
eu não consigo deixar de ser o outro,
todos eles grudam em mim
pra nunca mais.

e de tanto ser hibrido,inoriginal,
em vez do vulgar,acabo por me tornar
meio que eu mesmo,
fico Único,mesmo que sem perceber.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pode ser.

Eu já posso deixar de sentir as emoções que tenho sentido e parar de ver a beleza onde tenho costumado ver.É possível que tudo deixe de ser comum,são novos ares para a mente e novos rumos para o coração.A Paixão Segundo GH me foi demasiado denso e arrastado,apesar da excitação toda no final e dos incríveis mergulhos no que é o "ser",de fato.Agora o que há é um Goethe,um belo prato,imagino.Receio apenas quais serão os efeitos.Temo a minha impopularidade(social,obviamente) devido à falta de atualidade vocabular do livro e das temáticas que se remetem claramente a tempos,ainda que tão próximos(final do século XVIII/início do século XIX),tão distantes.As paisagens são mais belas,a literatura tem uma paixão que me lembra Shakespeare(mesmo sem nunca ter lido),que me lembra algo do Dorian Gray de Oscar Wilde e não o tipo de escrita que tanto prezo,um tipo mais atual,moderno,urbano mesmo,como em Kafka e Tolstoi.
Mas então,eu li G.H.(da Clarice,óbvio) buscando aquela Clarice de contos como Felicidade Clandestina,Uma Esperança e do romance A Hora da Estrela.O que encontrei foi uma Clarice que penetra muito mais profundamente "na natureza selvagem",nas profundezas imagináveis e inimagináveis do que é o "ser".Eu tenho a impressão de que a literatura tardia,madura da Clarice é mais do meu agrado,porque explora o ser mas sem tanta intensidade.Eu realmente quero descansar dessa intensidade por agora e é por isso que "Perto do Coração Selvagem" vai ficar pra depois.Pra depois de quê?Pra depois de Goethe e seu "Os Sofrimentos do jovem Werther".Sem mais.

domingo, 22 de novembro de 2009

Querendo acreditar.

Eu te fiz um texto ontem à noite.Tinha barquinho navegando no mar,som de ondas batendo e cheiro de chuva que se aproxima.Só que a chuva foi forte demais e,insensatamente,rasguei o texto,com medo de te ver naufragar.Eu fiquei com tanto medo de te perder,que fingi que te dava a mão e você deitava no meu peito,relaxada e tranquila.Foi uma das noites mais difíceis dos últimos 10 dias,minha recuperação se dá lentamente.Só vai ter recuperação plena quando você voltar.Quando é que você vai passar aqui mesmo?Porque eu queria que você comesse o bolo que minha mãe fez,eu sei que você adora o bolo de côco dela.E,mais do que isso,queria sentir seu cheiro,suas mãos suaves,macias,como pétalas tão delicadas,tão delicadas.Tocar o seu rosto e ver nos seus olhos o brilho que se tem somente na juventude,que me foi roubada,em parte,quando você se foi.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cansaço

Quem ganha com o meu sofrer?
Quem se diverte se eu chorar?
Que gênio maligno se empenha tanto
em me descontruir e,aos poucos,me matar?

Que dor é essa que eu sinto,
sem explicação ou sentido,
mas que é constante e presente
a todo momento.

A quem interessa ver tanto sofrimento?
Que tipo de vitória é essa?
Não sei.Só sei que sempre saio perdendo.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Técnico.

Eu vejo bruxas sobrevoando
os muros da minha escola
toda manhã.

Eu imagino espíritos loucos,
desvairados,insanos e escandalosos
presos nas paredes deste lugar.

As paredes são brancas,por serem lavadas
por lágrimas dos alunos,que insistem
em chorar por notas baixas.

Eu vejo mais do que tudo isso,
um abismo muito grande neste lugar.

É um recanto do desespero,
um monte de doidos querendo
se superar mas,no final,
acabam saindo mais vazios
do que quando entraram.

Eu sinto esse abismo me atraindo,
a ambição dos possíveis sucessos
profissionais e financeiros.

Eles nos impulsionam a tudo isso,e eu
vejo o abismo se abrir em mim,por fim.
Já não há mais volta.


OBS.:Não sei ao certo mas creio que o texto resuma um pouco (ou muito) o porquê da falta de textos no blog.Devo ficar uns dias fora daqui,como já tenho ficado.
Não há muito para se dizer.O mundo desaba à minha volta e eu não tenho o que dizer sobre isso.Simples.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ego(mentiras)

Brincar de se conectar com o mundo em sintonias diferentes das já testadas por você nas diversas fases da sua vida sem questionar qualquer tipo de imprevisto que possa decorrer disto.E almejar sonhos nunca dantes sonhados com pessoas diferentes das já imaginadas em outros momentos de sua existência.E cantar canções dos canários,pintaroxos,melros,sanhaços,rolinhas,uirapurus e bem-te-vis.Saber distinguir as cores com as quais se deve colorir sua vida,quero dizer,lembrar que a vida pode ser pintada com cores que não cinza,preto,azul-marinho,verde-oliva e branco.Há de haver amarelo,vermelho,verde-limão,abraços,sorrisos e carinhos.Há de se ter paciência consigo mesmo porque para com os outros é fácil.É hora de aprender que você não é menor que ninguém e tem muito de bom a apresentar pro mundo.Lembrar que você não vai perder tudo que você conquistou até agora de uma hora para outra então,deve-se conceder mais liberdade a si mesmo.Abusar das pessoas que eu amo e que me amam,sem vergonha alguma,ou com algum tipo de medo de super-exposição(afinal vou contar segredos pra quem?).Lembrar que você não é igual aos outros e que ninguém nunca vai entender quão verdadeira pode ser essa frase.Manter em mente que nem sempre o que é estranho é ruim.Logo,eu sou estranho mas não sou ruim.Eu sou uma pessoa muito boa,não causo problemas a ninguém(só a mim mesmo,óbvio) e posso ser carinhoso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sunday Morning

Esmague com os dedos (indicador e polegar,preferencialmente) o primeiro carrapato que encontrar.Depois de fazê-lo,deguste lentamente o sangue que agora jaz em seu dedo.Pense:"este é o sangue do meu amado cachorro,que esse carrapato sugou".Sinta o ódio crescendo em você e perceba que,agora,você é 1/4 carrapato e 3/4 humano,já que acabou ingerindo também o sangue do seu cachorro.Sinta ódio do carrapato,que faz seu cachorro sofrer e,além disso,sinta ódio de si mesmo por realizar tal ato.Você agora se igualou ao carrapato.Vocês são sugadores escrotos.Perceba o ódio nascendo em você.Espere alguns minutos e perceba que você está adentrando o selvagem do selvagem,a essência,a natureza.Você faz parte dessa natureza parasitária agora.Você já não vê mais as coisas como antes,agora são olhos de carrapato,fome de carrapato,instinto de carrapato e corpo de gente.Pronto,agora sinta-se livre para começar o seu domingo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Ladies and gentlemen

Eu não tenho muito mais a dizer.Meus textos falam sobre o meu mundo,basicamente.Seria difícil sair dele,ele está impregnado em mim.Eu sou ele e ele é eu.Eu tenho vontade,sim,de ir além do conhecido por mim,de explorar outras coisas,mas sempre fica um tom de falta de originalidade,fica piegas,mal-escrito,enfim: desastre.É por isso que fica esse tom de falta de novidade no blog.Meu blog é monótono e quase monocromático.Não coloco foto nos posts,não coloco cores mais atrativas,o foco é o texto e só ele,o que é chato no final das contas.Mas essa é a minha essência: monotonia e obviedade.
Ah,descobri essa semana que tenho uns distúrbios de personalidade gravíssimos,não devo durar muito.Mas é aquilo: acredita que tudo passa que você adia o sofrimento.Essa é a minha filosofia.Vou descobrindo quão monstro e estranho sou e fico rindo do meu distanciamento de todos.Mas é engraçado mesmo,não é?Não é?

Uma coisinha que escrevi aí:


Do mundo que conheço
todas as dores são vãs
e todas as felicidades também.

Escrevo poemas querendo
dissipar todas as dores
e querendo descrever todas as
felicidades,
que enxergo no passar dos anos,
no passar dos rostos,
no passar da vida.