domingo, 13 de dezembro de 2009

À Deriva.

*Resenha boba pra filme incrível,lindo,tudo de bom.


Em quanto tempo abandona-se a inocência da infância?Isso é extremamente relativo,mas a partir do momento em que toda a realidade que nos foi apresentada até então se desmorona antes de construirmos nossa personalidade,e o que é chamado de maturidade,ficamos à deriva e aí dependemos do destino.Pronto,estamos nas mãos do destino.O que fazer agora?Entregar-se a ele?Como?Não sabe-se como.Essa é a dúvida:"Aceitar a realidade ou lutar contra ela mesmo que sem muitas forças?".Talvez essa seja a questão central do filme À Deriva.O filme constrói um amadurecimento forçado e demasiado rápido de uma menina de 14 anos.O principal motivo seria a instabilidade emocional de seus pais(na verdade,da mãe).Num momento da vida em que abre-se espaço para o sexo,as amizades e as descobertas do corpo,no caso da personagem em questão,há a descoberta da traição de seu pai que,na verdade,nem é o culpado pelo desmoronamento do relacionamento entre ele e a mãe da protagonista.Nesse misto de descobertas típicas da idade e o tipo de descobertas que nunca se tem idade,de fato,para se ter,a menina cresce,amadurece e aprende.
Não bastaria essa trama que,a princípio,é extremamente comum,já que lida com separação,traições e adolescência.Para dar um adicional de densidade e carga emocional,há a trilha sonora conduzida e inserida em ótimos momentos para se causar comoção,reflexão e delicadeza.O elenco é bom,natural,espontâneo.Não há espaço aqui para grandes interpretações,há espaço para a interpretação da vida e das coisas que são,por vezes,naturais e,principalmente,dolorosas,em algumas fasesde nossas vidas.Devido a esse clima,o filme parece familiar e acaba por tornar-se relativamente leve e agradável.
Já que o filme se passa nas férias da família em sua casa de praia,a relação com a água é fundamental.O mesmo mar que serve para diversão e paz serve nos momentos difíceis e de desamparo.E há todo um clima praiano no filme que parece querer levar o espectador pra nunca mais voltar.Dá um tom nostálgico da infância e ainda serve para embelezar um drama que não tem nada de bonito,removidos os filtros,a ótima fotografia,a trilha sonora e a maneira como o diretor conduz o filme.No final,eu mesmo fui deixado à deriva,não sei o que pensar da atitude final da protagonista.Fiquei pensativo,distante,reflexivo mas com a certeza de que estive à frente de um filme agradabilíssimo,um dos melhores que vi este ano(se não for o melhor) e fica marcada a qualidade do diretor Heitor Dhalia (de "Nina" e "O Cheiro do Ralo").
Parabéns aos realizadores.Ótimo filme.

Um comentário:

300 g. de mariana disse...

A inocência não há mais.
O filme é lindo, extremamente delicado. Gostei da resenha.