segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sangue e Fé


Saía muito sangue da minha boca..."Porra, eu nem sabia que tinha tanto sangue assim..."

E fiquei ali sangrando...sem ter o que fazer. Não tinha a quem pedir ajuda (lado ruim de morar sozinho), não tinha como gritar (qualquer movimento com a boca gerava dor lancinante), tentei andar até a porta da cozinha e sair para o corredor do prédio mas já havia perdido tanto sangue que não tinha forças pra girar a chave, nem a maçaneta, só o que girava era minha cabeça. Girava, girava, girava e eu fui escorregando pela parede da cozinha, consciente de que não dava pra fazer nada. Tava ali, o azulejo quase branco do prédio antigo do apartamento alugado constratando com meu sangue de cor vermelho-sangue, que também escorria parede abaixo. E então...cheguei ao chão. Depois disso, me ajeitei para uma posição confortável à minha dor e sangrei até me acabar.

Penso que, às vezes, a vida é isso mesmo, sangrar e sangrar, tentar fugir mas, no final das contas, a gente continua sangrando. Acho que quase todo mundo é infeliz e vai se escondendo do grande desastre que é se apoiando em alicerces instáveis como namoros, empregos, carros, casa própria pra chegar no final da vida, ficar doente, dependente, se encontrar miserável novamente e cair em depressão pra todo o sempre, só podendo dizer depois do fim "...sangrei até me acabar".

Mas isso é uma visão parcial, imagino, deve existir gente feliz pra sempre, eu sigo fingindo acreditar, a fé é assim.

2 comentários:

Felipe disse...

tsc...infantil

Lucas Covolam disse...

Cara demais esse post! fiquei imaginando tamanha agonia e dor, desespero em se acabar em sangue!